Por Rogério Gentile, em coluna na Folha de São Paulo.
SÃO
PAULO – Prestes a confirmar oficialmente sua candidatura a presidente,
Eduardo Campos (PSB) está mais preocupado em tornar-se um rostinho
conhecido para a eleição de 2018 do que em derrotar Dilma Rousseff
agora. Se a prioridade fosse tirar o PT do Planalto neste ano, o
governador pernambucano abriria mão da disputa em favor de Marina Silva,
sua aliada, afinal.
Mulher,
ambientalista, de origem humilde e evangélica, a ex-ministra do Meio
Ambiente, por diversas razões, é muito mais competitiva do que Campos,
ainda que Dilma seja a candidata mais forte em qualquer cenário e ainda
que eleições não tenham a previsibilidade de uma operação matemática.
Com o pernambucano na disputa, a presidente não é favorita, é
favoritíssima.
O principal entrave
para Campos é justamente o fato de que ele é um ilustre desconhecido
para grande parte do eleitorado e de que precisaria dispor de muito
tempo de exposição no horário eleitoral para tentar viabilizar-se numa
corrida curta como a presidencial.
O
presidenciável do PSB terá menos tempo na televisão do que Aécio Neves e
muito menos do que Dilma. Marina também teria pouca visibilidade no
horário eleitoral, mas, diferentemente do colega, se resolvesse hoje
caminhar pela praça da Sé, não correria o mínimo risco de passar
despercebida.
Além disso, as
pesquisas mostram que Campos não herda a totalidade dos votos da
ex-ministra, a despeito de todo o barulho causado pela aliança que
firmaram em 5 de outubro. O Datafolha de dezembro mostrou que Dilma tem
42% das intenções de voto contra 26% de Marina e 15% de Aécio. Quando o
candidato é Campos, o resultado é 47% para Dilma, 19% para Aécio e 11%
para o pernambucano.
Tudo pode
acontecer em política, é claro, e o ano é longo, mas Campos é hoje
candidato muito mais a ser líder da oposição em 2015 do que a presidente
da República.
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