247 - Nesta
terça-feira, o deputado João Paulo Cunha (PT-SP), ex-presidente da
Câmara dos Deputados, será preso. Deve chegar a Brasília e se entregar
na Papuda.
Isso não significa, no entanto, que
ele, quinto parlamentar mais votado em São Paulo nas eleições de 2010 e o
campeão de votos no PT, deixará de ser deputado.
Ao menos, por ora. João Paulo Cunha
tomou uma decisão de caráter político: não irá renunciar ao mandato
conferido pelos eleitores. Com isso, transfere aos colegas e ao
presidente da casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), a difícil decisão
de cassá-lo.
Na Ação Penal 470, Joaquim Barbosa
levou os demais ministros do Supremo Tribunal Federal a condená-lo por
peculato na contratação da agência de publicidade DNA. O que Barbosa
apontou como "desvio" foram as comissões pagas por veículos – como
Globo, Folha e Abril – à agência. Uma prática regular e que permanece
intacta em todas as contratações de publicidade públicas e privadas
realizadas no Brasil.
A contratação da agência foi alvo de
diversos pareceres e até de uma auditoria interna da Câmara dos
Deputados, que apontaram o caráter legal do processo. A despeito disso,
Cunha está condenado à prisão.
No entanto, ao não renunciar, ele
assume um gesto político e transfere aos colegas a decisão de cassá-lo,
mesmo cientes de sua inocência.
Cunha tem também lembrado a aliados
que poderá trabalhar, uma vez que o regime semiaberto permite aos presos
com emprego fixo – e sem risco à sociedade – a possibilidade de exercer
sua atividade e retornar ao presídio para dormir.
Recentemente, ele lançou uma revista apontando todas as contradições do Supremo Tribunal Federal no seu julgamento (leia mais aqui).
Leia, abaixo,
algumas acusações feitas por Joaquim Barbosa e as provas documentais
apresentadas por João Paulo Cunha, que não foram aceitas pelo presidente
do STF e faça, aqui, o download da publicação completa:
ACUSAÇÃO
O ministro-relator do
STF, Joaquim Barbosa, afirma, no seu voto condenatório, que o Deputado
João Paulo Cunha decidiu contratar uma agência de publicidade para a
Câmara dos Deputados. Esta afirmação é correta?
A VERDADE
Não! Pois a Câmara dos
Deputados já mantinha, desde o ano 2001, um contrato de publicidade com a
agência Denison. Esse contrato foi assinado pela administração
anterior do presidente Aécio Neves.
Em 26 de Dezembro de
2002, esse contrato foi prorrogado. Portanto, quando João Paulo tomou
posse, na presidência da Câmara, em fevereiro de 2003, o contrato de
publicidade estava em vigor e em plena vigência.
ACUSAÇÃO
Segundo o
ministro-relator, “a decisão de abrir uma nova licitação foi,
efetivamente, tomada pelo réu João Paulo Cunha”. Procede essa afirmação?
A VERDADE
Não! Legalmente, a Câmara
não poderia realizar uma nova prorrogação do contrato de publicidade em
vigor com a Denison. Então, a Secretaria de Comunicação (SECOM) da
Câmara dos Deputados, através de seu Diretor, solicitou a abertura de
uma nova licitação.
ACUSAÇÃO
O ministro Joaquim
Barbosa conduz as acusações para induzir que foi o Deputado João Paulo
Cunha quem assinou o contrato de publicidade da Camara dos Deputados.
Esse contrato foi assinado pelo Deputado João Paulo Cunha?
A VERDADE
Não! O contrato foi
assinado pela própria administração da Camara dos Deputados,
representada pelo seu Diretor Geral. O Edital para a licitação foi
aprovado pelo núcleo jurídico da Assessoria Técnica da Diretoria Geral.
ACUSAÇÃO
O ministro-relator
afirma que João Paulo Cunha “praticou ato de ofício”, nomeando a
“comissão especial de licitação”. Isso é verdade?
A VERDADE
Absolutamente, não! A Diretoria Geral da Câmara explicou com clareza sua opção por esse modelo, “de
plano há que se ressaltar a existência de norma legal expressa na lei
de licitações, que autoriza tal procedimento administrativo (art. 6o,
XVI e art. 51, caput), que, nas condições particulares do que a
administração pretendia, mostrava- se como o caminho mais natural e
eficiente”. Também esclareceu que o “tipo melhor técnica’ não se descuida do aspecto do menor preço”. Além disto, observou: “no
tocante à contratação tratada, a avaliação das propostas era
eminentemente técnica e intelectual, necessitando execução por pessoas
com capacitação específica e elevado nível de conhecimento da matéria”. Como “os
membros da Comissão Permanente de Licitação não eram versados no tema
objeto da licitação, demandando a instalação de uma Comissão Especial de
Licitação composta por técnicos com habilitação específica na área de
publicidade e comunicação social”.
Exatamente por
isso, o Ato assinado por João Paulo Cunha, em agosto de 2003, de caráter
administrativo, foi uma mera repetição do Ato assinado pelo deputado
Aécio Neves quando presidente da Câmara, em junho de 2001, conforme a
experiência administratica da própria casa.Aliás, dos cinco
membros que compuseram a Comissão Especial de Licitação, indicados em
2001, três continuaram em 2003 (veja documentos ao lado), o que comprova
a impossibilidade absoluta de influenciar no resultado final da
comissão. Além disso, o presidente das duas comissões foi a mesma
pessoa.
Deste modo, fica
claro que não há nenhum ato de ofício praticado pelo Deputado João Paulo
Cunha que caracterize base jurídica para uma possível condenação. Alias,
se houvesse, deveria alcançar os atos praticados pela comissão da
gestão anterior. Porque razão o ministro Joaquim Barbosa não viu
irregularidade na comissão especial de licitação de 2001 e somente na de
2003?
- ACUSAÇÃO
O ministro-relator acionou a Policia
Federal (PF) para analisar a licitação e a execução do contrato.
Qual o resultado produzido pela Polícia Federal?
A VERDADE
Laudo pericial de exame contábil do
instituto Nacional de Criminalistica, órgão da Polícia Federal,
constatou que os serviços contratados foram efetivamente executados.
Concluíram que o contrato previa cláusulas que garantiam a execução
da forma como foi realizado. Esse laudo afirma que
a tercerização dos serviços foi real, ocorrendo em conformidade com a legislação vigente (pg 12). Que a tercerição é da rotina operacional dos contratos firmados entre os orgãos públicos e as agências de publicidade (pg 15). O contrato admitia tercerização de serviços (pg 17). E que os gastos com veiculação correspondem a 65,53% do contrato (pg 19). Veja ao lado.
a tercerização dos serviços foi real, ocorrendo em conformidade com a legislação vigente (pg 12). Que a tercerição é da rotina operacional dos contratos firmados entre os orgãos públicos e as agências de publicidade (pg 15). O contrato admitia tercerização de serviços (pg 17). E que os gastos com veiculação correspondem a 65,53% do contrato (pg 19). Veja ao lado.
Observe a situação contraditória
que a maioria do STF criou. O único item que o laudo da PF questiona,
os serviços prestados pela IFT, o Supremo considerou regular e absolveu
o Deputado João Paulo. Por outro lado, todos os outros serviços
contratados pela Camara, foram atestados pelo laudo da Polícia Federal,
como efetivamente executados. Entretanto a maioria do Supremo ignorou
este laudo da PF para condenar.
DISTORÇÃO DOS FATOS
Nas páginas seguintes (de 31 até
35) serão apresentados para o conhecimento da sociedade, todos os
pagamentos feitos pela Câmara dos Deputados. Ou seja: o contrato
assinado pela Câmara com a agência SMP&B de R$ 10.745.902,17 foi
totalmente executado com os respectivos recebedores dos recursos. Tudo
com documentos apresentados no processo. A regra para pagamento à
agência é a estabelecida no contrato e a práticada do mercado,
inclusive regulado por lei. A regra do contrato é a seguinte: 15% das
veiculações (cláusula 9a - parágrafo único), no valor de R$
948.338,41; 5% dos serviços pagos a terceiros (cláusula 8a - alínea
“b”) no valor de R$ 129.519,40 e os serviços prestados pela própria
agência (cláusula 8a - alínea “a”), no valor de R$ 14.621,41.
Por esses números, chegamos à
conta usada pelo ministro Joaquim Barbosa para condenar erroneamente o
Deputado João Paulo Cunha. Ou seja: a Câmara, dentro da legalidade,
veiculou os anúncios, pagou os serviços e os contratados pagaram as
comissões para a agência. O Ministro Relator contabiliza
equivocadamente as comissões pagas pelos veículos à SMP&B como se
fossem desvios de recursos.
Baixe aqui a revista completa (o tempo médio de download é de cinco minutos), com todos os seus documentos.
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