Carlos Brickmann
Dizem
que, em certa ocasião, dois amigos passeavam na floresta quando
ouviram, bem pertinho, o inconfundível rugido da onça. Um saiu correndo,
o outro se agachou para trocar os tênis. O que corria gritou: "Você
acha que vai conseguir correr mais do que a onça?" O amigo respondeu, já
em velocidade: "Eu não preciso correr mais do que a onça. Preciso
correr mais do que você".
Esta
é a disputa de agora entre Cabral e Eike: quem delatar primeiro dá a
ficha do outro, e lhe tira a chance de ganhar os benefícios da delação
premiada. No final, é um amigo jogando o outro às onças para ver se
sozinho dá para sobreviver. Parece que havia até joalheiro quase
exclusivo a serviço dos dois amigos. Cadê as joias?
Eike
pode ser tudo, mas burro definitivamente não é. Qual o motivo que o fez
comprar uma passagem só de ida (bem mais cara) para os Estados Unidos,
correndo o risco de ser preso, decidindo enfrentar as acusações de estar
foragido? Se pretendia ir para a Alemanha, usando seu passaporte
alemão, por que não foi direto para lá? Que é que foi fazer nos Estados
Unidos um ou dois dias antes de se entregar? Com quem conversou? Quem o
ajudou a se decidir?
Outra
informação preciosa que Eike carrega: alguém lhe vazou a notícia de que
seria preso? A Justiça determinou sua prisão no dia 13, a ordem foi
cumprida no dia 26, quase duas semanas depois. Eike tinha viajado.
Quando? Dois dias antes da mobilização da Polícia para prendê-lo. Com
passagem só de ida comprada no dia da viagem. Viajando sozinho, um dia
antes da família.
Esse
é o segredo que Eike não pode contar. Pois, se contar, sabe-se lá que
tipo de divergências entre instituições e autoridades ficará esclarecido
de vez.
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