Carlos Chagas
Até
ontem, 108 presidiários foram assassinados em Manaus e Boa Vista por
quantos assassinos? Ninguém sabe. Dos que se encontram presos, tendo
respondido às chamadas, sabemos os nomes e os números. Dos mortos,
também, mas quem matou quem permanece uma incógnita. Dificilmente algum
dos animais hoje enjaulados confessará haver degolado e estripado seus
companheiros. Alguns poderão ser identificados porque se deixaram
fotografar sorrindo, orgulhosos por haver se livrado de integrantes da
quadrilha adversária.
Ignora-se,
porém, o nome e o registro dos assassinos. Todos negarão haver matado. O
certo seria dizer que todos os que não morreram, mataram. Logo se
mobilizará a tropa dos Direitos Humanos para livrar a maioria dos
responsáveis pelos massacres, “já que inexistem provas irrefutáveis de
sua participação”. Advogados não vão faltar para defender montes de
“inocentes”.
O
país inteiro aguarda a identificação e a condenação dos assassinos, mas
é bom tomar cuidado antes que sejam isentos de culpa, com seus crimes
atribuídos ao “coletivo”. Não estando em vigor a pena de morte, nem
todos os que cortaram o pescoço dos colegas serão punidos. A menos, é
claro, que se determine que quem não morreu, matou, e por isso deve
morre
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