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terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Quem não matou, morreu



Carlos Chagas
Até ontem, 108 presidiários foram assassinados em Manaus e Boa Vista por quantos assassinos? Ninguém sabe. Dos que se encontram presos, tendo respondido às chamadas, sabemos os nomes e os números. Dos mortos, também, mas quem matou quem permanece uma incógnita. Dificilmente algum dos animais hoje enjaulados confessará haver degolado e estripado seus companheiros. Alguns poderão ser identificados porque se deixaram fotografar sorrindo, orgulhosos por haver se livrado de integrantes da quadrilha adversária.
Ignora-se, porém, o nome e o registro dos assassinos. Todos negarão haver matado. O certo seria dizer que todos os que não morreram, mataram. Logo se mobilizará a tropa dos Direitos Humanos para livrar a maioria dos responsáveis pelos massacres, “já que inexistem provas irrefutáveis de sua participação”. Advogados não vão faltar para defender montes de “inocentes”.
O país inteiro aguarda a identificação e a condenação dos assassinos, mas é bom tomar cuidado antes que sejam isentos de culpa, com seus crimes atribuídos ao “coletivo”. Não estando em vigor a pena de morte, nem todos os que cortaram o pescoço dos colegas serão punidos. A menos, é claro, que se determine que quem não morreu, matou, e por isso deve morre

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