Carlos Chagas
Fica
difícil informar quando começou a privatização das penitenciárias.
Possivelmente no governo Fernando Henrique Cardoso, ainda que tudo
viesse cercado de sigilo. A iniciativa não contava com a simpatia da
opinião pública, sempre cheirou a perigo, para não falar de corrupção.
Assim o sociólogo recomendou silêncio, seguido pelo Lula e Dilma. Agora,
a bomba estourou nas mãos de Temer, ainda que contra a sua vontade.
Isso
porque a operação cheira mal desde o início. Grupos econômicos
empenhados em faturar o máximo e oferecer o mínimo tem lucrado centenas
de milhões. Por certo que separando vultosos percentuais nos períodos
eleitorais, financiando mais de um candidato a governador nos Estados de
onde tiram quantias milionárias. Até os meios de comunicação omitiram a
lambança, só agora forçados pela natureza das coisas a expor as
operações celeradas.
Trata-se
de uma das maiores distorções do capitalismo. Ganhar dinheiro com a
desgraça alheia, no caso das prisões, só perde para a prática de certos
laboratórios farmacêuticos que carregam no preço dos remédios. Mesmo
assim, os resultados se equivalem. A privatização das cadeias determinou
o crescimento das quadrilhas envolvidas com o tráfico de drogas, além
da transformação dos presos em animais. Também os remédios em alta
permanente de preços terão levado muitos cidadãos à morte prematura por
impossibilidade de adquiri-los.
Nos
Estados Unidos, essa moda está em extinção, ainda mais porque o
criminoso rico transforma sua cela em hotel de luxo, mediante pagamento
extra às empresas encarregadas de administrar o conjunto. Aliás, aqui
também, porque os chefes dos diversos grupos que vivem do tráfico
oferecem churrascos, feijoadas e bailes de arromba a seus protegidos, em
alas privilegiadas das prisões.
Seria
o caso de o poder público cancelar todas as privatizações e
terceirizações, ainda que depois dos recentes massacres seus dirigentes
tenham começado a reagir, alegando que os governos não tem recursos para
sustentar as prisões estatais. Só que é mentira, pois os Estados
destinam horrores para a privataria tornar-se a verdadeira controladora
das penitenciárias.
Em
suma, se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Caberia ao
Congresso antecipar-se ao jamais concretizado Plano Nacional de
Segurança. Proibir o ingresso da iniciativa privada na gestão dos
estabelecimentos penais e ainda investigar o roubo nos contratos
celebrados no país inteiro, para as devidas punições e o ressarcimento.
Como
estamos no Brasil, ninguém se espante caso o governo Michel Temer dê
início à privatização das Forças Armadas. Que tal o PCC financiar o
Exército, o CV, a Marinha, e a Família, a Aeronáutica?
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