O afastamento de Renan Calheiros tem
tudo para se tornar um presente de grego para o governo. Nas últimas
semanas, o Planalto comemorou cada passo do peemedebista na direção ao
abismo. Agora que ele caiu, o presidente Michel Temer ganhará motivos
para sentir sua falta no comando do Senado.
Com
a decisão do ministro Marco Aurélio, a Casa passa a ser chefiada por um
petista: o senador Jorge Viana, ex-governador do Acre. O governo deixa
de ter um aliado problemático e passa a ter um oposicionista declarado
na cúpula do Congresso.
A
substituição ameaça o calendário das reformas econômicas. Apesar dos
atritos com o Planalto, Renan prometia aprovar a PEC do teto de gastos
na semana que vem. Com a reviravolta, a oposição ganhará força para
tentar barrar a medida.
A
queda de Renan também produzirá efeitos nas ruas. No domingo (4), o
governo respirou aliviado quando o peemedebista virou o principal alvo
das manifestações verde-amarelas.
O senador parecia um biombo ideal para proteger o Planalto da ira
contra os políticos. Agora o "Fora Renan" pode dar espaço ao "Fora
Temer", apesar do esforço de grupos como o MBL para blindar o
presidente.
O
afastamento coroa uma série de más notícias para o alagoano. Na semana
passada, ele sofreu duas derrotas. Na quarta (30), subestimou a pressão
popular e fracassou ao tentar aprovar a versão frankenstein das medidas anticorrupção. No dia seguinte, virou réu no Supremo, acusado de ter despesas pessoais pagas pela empreiteira Mendes Júnior.
Um
Renan enfraquecido, visto como inimigo público número um, era garantia
de relativa tranquilidade no Congresso. Com o PT no comando, o governo
deve voltar a navegar em águas turbulentas para aprovar suas medidas
impopulares. Cercado por aliados em apuros, Temer ainda terá que torcer
para não virar a bola da vez. O ano ainda não acabou e já derrubou três
presidentes: da República, da Câmara e, agora, do Senado
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