O
senador Armando Monteiro (PTB-PE) acusou, hoje, o governo do estado
de não haver se preparado adequadamente para enfrentar a seca em
Pernambuco, considerada a pior dos últimos 60 anos. Em discurso no
plenário do Senado, enfatizou que “faltaram pró-atividade e capacidade
de antecipação ao quadro de colapso” provocado pela estiagem, sobretudo
no Agreste.
Segundo ele, o governo estadual ignorou os alertas de especialistas
que, ainda em 2012, apontavam que estava se avizinhando um período de
seca mais severa do que no biênio 1983-84. Disse que, apesar do alto
grau de vulnerabilidade do Agreste a estiagens, pela alta densidade
demográfica e pela natureza das suas atividades produtivas e
inexistência de reservas subterrâneas, somente agora, depois dos efeitos
econômicos e sociais “devastadores” da seca, o governo local está
tomando providências e com resultados apenas a partir do próximo ano.
“O governo do estado tinha alternativas. Ou se prepararia para
assumir, com aportes de recursos, a obra da Adutora do Agreste e assim
contribuiria para sua conclusão, ou buscaria outras opções, que somente
agora estão sendo providenciadas, em caráter emergencial, depois de se
constatar a crise de abastecimento d´água e de se assistir a graves
perdas econômicas”, assinalou.
O senador petebista salientou que ficará apenas para 2017 a conclusão
de obras como a Adutora do Pirangi, financiada pelo Banco Mundial, a
perfuração de poços profundos em Tupanatinga e a construção do sistema
Adutor do Moxotó, que dependem de recursos do governo federal, cuja
liberação anunciou que irá cobrar. “Até lá, infelizmente, o sofrimento
da população continuará, como admitiu o presidente da Compesa, Roberto
Tavares”, acrescentou.
Perdas dramáticas – Armando Monteiro listou, no seu
discurso, algumas das perdas econômicas provocadas pela seca, que
classificou como “dramáticas”, especialmente no Agreste:
1 – Queda de 9,2% no PIB da agropecuária no primeiro semestre, comparativamente a igual período de 2015;
2 – Redução de 25% na produtividade da bacia leiteira, que caiu de
2,5 milhões para 1,4 milhão de litros diários de leite, enquanto a
produção de queijo diminuiu para menos da metade, de 40 mil quilos/dia
para 18 mil;
3 – Fechamento de 40% das lavanderias usadas na produção de jeans do
polo de confecções, cuja produção, de 720 milhões de peças em 2015,
cairá em 20 milhões de peças este ano, pela escassez de água;
4 – Desativação de vários aviários, cuja atividade necessita de 700 carros pipa diariamente;
5 – Nada menos do que 25 dos 71 municípios do Agreste dependem
exclusivamente, para acesso à água, de carros pipa, cujo preço dobrou,
pulando de R$ 150 para R$ 300 cada.
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