247 – No day after das eleições mais acirradas da
história do Brasil, prevaleceu o chamado à união feito tanto pelo
candidato derrotado, Aécio Neves, como, especialmente, pela presidente
reeleita Dilma Rousseff. Para quem temia incidentes políticos,
provocados por setores descontentes com o resultado, as ocorrências
foram iguais a zero. Nem mesmo no epicentro do nervosismo econômico, a
Bolsa de Valores de São Paulo, o discurso fim do mundo assustou os
investidores além da conta. Após chegar a cair mais de 6%, o índice
Bovespa se recuperou parcialmente e fechou em -2,77%.
Não houve nada parecido, no entanto, com uma fuga de capitais ou
pânico entre investidores. É certo que as ações da Petrobras caíram 12%,
mas isso foi visto como apenas maios uma nova rodada da especulação que
já vinha ocorrendo nos últimos dois meses. O dólar, por outro lado,
chegou a R$ 2,50, atingindo um pico em três anos. A alta se deu sem
qualquer intervenção do Banco Central.
Na política, as reações foram de tranquilidade diante da reeleição de
Dilma. Os chefes do PSDB, Aécio Neves, Geraldo Alckmin e José Serra
seguiram pela linha da discrição, sem pronunciamentos na segunda-feira
27. Na véspera, Aécio considerou que a missão "prioritária" é a de unir o
País. Alckmin seguiu tocando a agenda de São Paulo, enquanto Serra
declarou estar se preparando para ter "muito trabalho" no Senado, onde
pretende elaborar e aprovar projeto como da Nota Fiscal Brasileira.
Até mesmo a ex-candidata Marina Silva, que tinha bons motivos para
manter suas críticas ao governo, manifestou que voltará aos seus tempos
de militante política.
Da parte do PT, as manifestações ficaram restritas à própria Dilma.
Em entrevistas ao Jornal da Record, da emissora do mesmo nome, e ao
Jornal Nacional, da Rede Globo, Dilma outra vez pregou a união entre os
setores da sociedade:
- Minha palavra de ordem é diálogo. Quero dialogar com os
empresários, com o setor financeiro, com o agronegócio e com os
movimentos populares, de modo a fazer o que o povo brasileiro me
demandou nas urnas: mudanças e reformas.
À tarde, a presidente chamou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao
Palácio da Alvorada, de onde despachou ao longo do dia. Ele entrou para
a conversa como o nome que deverá ser trocado por Dilma, conforme ela
mesma prometeu ao longo da campanha. E saiu na mesmíssima condição. Ele
segue como comandante da economia, mas Dilma, com um novo estilo mais
pausado e calmo, adiantou que não arquivou a ideia de injetar sangue
novo no coração da área econômica:
- Eu tenho medidas para o crescimento que serão apresentadas no tempo exato, disse Dilma ao Jornal da Record.
- Eu não vou trocar apenas um ministro, mas fazer uma mudança em todo
o ministério, para fazer, como eu disse na campanha, um governo novo
com ideias novas, completou a presidente.
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