247 – No momento em que já ia sendo relegado à
condição de personagem terciário da disputa presidencial, o candidato do
PSDB, Aécio Neves, voltou ao jogo maior. Em pesquisa Ibope divulgada
na terça-feira 16, ele foi o único a crescer em mais este momento
decisivo da disputa eleitoral. A 17 dias das urnas, o senador mineiro
resgatou para si quatro pontos perdidos e subiu de 15% de intenções para
19% de referências de voto. Ao mesmo tempo, Marina Silva perdeu um
ponto e a presidente Dilma Rousseff, outros três.
O resultado incentivou o ex-presidente Fernando Henrique, que já
declarou não querer "melindrar" a adversária do PSB, a insistir
publicamente que a estratégia de Aécio é seguir criticando duramente a
gestão de Dilma e do PT. Na mesma linha de atuação, o ex-governador José
Serra se mantém alheio a ataques a Marina e não se incomoda com as
versões que já transmite aos mais próximos de que os tucanos deverão
votar 'útil' a favor dela, em 5 de outubro.
Mas o caminho de Aécio para o segundo turno, mostram claramente os números mais recentes, é outro.
Para participar da segunda volta, Aécio precisa ultrapassar quem está
imediatamente à sua frente – e está é Marina, e não Dilma. Com 30% de
intenções no Ibope, ao registrar perda de um ponto sobre pesquisa
anterior do mesmo instituto, Marina é um obstáculo concreto entre o
tucano e a petista. Não há como não perceber essa situação eleitoral.
Caso, num próximo levantamento, repita-se o desempenho de Marina perder
mais um pontinho e Aécio subir outros quatro, como aconteceu agora,
bingo! Estará criada, com boa vontade de interpretação, a situação de
empate técnico entre ambos, na marca dos 26% (Aécio com 23 pontos mais
três para cima, Marina com 29 pontos menos três para baixo).
Sabe-se que, na reta final, assim como a perda de pontos abate
dirigentes e militantes dos partido, o ganho anima decisivamente as
equipes partidárias e seus simpatizantes. Aécio, nesta tendência,
estaria ultra fortalecido.
FOCO PARA RECUPERAR POSIÇÃO PERDIDA - Por mais que
ainda pareça difícil a situação de Aécio, a estratégia política correta
pode fazê-lo ressurgir. Será preciso, neste instante histórico, ao
menos, ele arquivar momentaneamente as críticas à Dilma e ao PT que, de
resto, a própria Marina já vem fazendo, para concentrar-se no resgate do
lugar que era dele antes da morte do presidenciável Eduardo Campos.
Até a tragédia de Santos, Aécio nunca perdeu sua posição consolidada
de segundo colocado. Ele próprio assegurou em diferentes declarações que
o segundo turno eleitoral já estava contratado, com ele próprio e Dilma
na nova disputa.
Como tarefa número para completar o que será um verdadeira façanha,
Aécio tem deixar de agir, agora, como candidato a presidente e "botar o
chapéu", como gosta de dizer o próprio Fernando Henrique, de presidente
do PSDB. Um chefe partidário que precisa dizer com todas as palavras
para sua direção, militantes e apoiadores que não é hora de despejar
bílis sobre o PT, mas sim sobre Marina.
A candidatura da musa do PSB está repleta de falhas e contradições,
que têm sido explorada somente por Dilma e o PT. A ponto de essa
estratégia já ter beneficiado a própria Dilma, que se descolou a
ex-ministra e com ela empata em todos as projeções de segundo turno – no
qual chegou a sofrer dez pontos de desvantagem no Datafolha.
Tarimbado por uma incessante atividade política desde o início da
década de 1980, ao lado de seu avô Tancredo, Aécio tem a simpatia de
todos no meio político por seu comportamento entusiasmado, gentil e
conciliador.
No principal momento de sua vida política, porém, Aécio precisará ser
bem mais duro para chegar ao topo. Paradoxalmente, ele nunca teve pela
frente uma adversária com tantas fragilidades eleitorais já comprovadas.
O primeiro passo é convencer Fernando Henrique sobre quem é o
verdadeiro adversário neste momento – ou tocar a campanha neste começo
de reta final ignorando, pelo triunfo, os conselhos do ex-presidente.
No tabuleiro da sucessão, quem joga agora é Aécio.
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