Você pode ainda não ter se dado conta, mas
o Plano Real, que amanhã completa 20 anos, pode ser destruído. Essa é a
tese da nova capa de Veja, que substituiu as velas de aniversário por
uma bomba-relógio. "O plano que matou a hiperinflação, estabilizou a
economia e fez do Brasil um país sério corre o sério risco de explodir",
alerta a revista.
Antes que você corra para os supermercados e estoque alimentos com
medo de uma inflação galopante, calma: é mentira. Aliás, é mais uma
mentira de uma publicação que, nos últimos anos, se deixou cegar pela
obsessão política que turvou seu jornalismo.
A mais recente notícia sobre inflação, na verdade, vai na direção
contrária. O Índice Geral de Preços ao Mercado (IGP-M), que corrige os
valores dos aluguéis, registrou deflação de 0,74% em junho, segundo
informou a Fundação Getulio Vargas (FGV), na última sexta-feira. Foi a
maior queda em 11 anos, o que mostra que a economia brasileira tem outro
problema: a perda de dinamismo, que contém a alta de preços. "O índice
está devolvendo as fortes altas registradas ao longo do ano passado e
início deste ano", disse o economista Salomão Quadros.
Em seu editorial, Veja argumenta que a inflação só não estourou o
teto da meta porque os preços estariam sendo contidos artificialmente. E
parece defender um ajuste, que teria fortes custos sociais. "Tudo
perdido? Não. Mas, se nenhum erro fatal e irreparável foi cometido pelo
governo até agora, substituir por medidas corretas todos os remendos vai
ter um custo social alto que se manifestará na forma de estagnação
econômica duradoura, com queda de investimentos produtivos e aumento do
desemprego", diz o texto do editorialista Eurípedes Alcântara.
Curiosamente, na mesma Veja, a última página da revista traz um
artigo do fundador da publicação, José Roberto Guzzo, que alerta sobre o
risco enfrentado por uma empresa que erra muito. "A Copa de 2014 é uma
boa oportunidade para repetir que a imprensa erra, sim - mas erra em
público, à luz do sol, e se errar muito acabará morrendo por falta de
leitores, ouvintes e telespectadores", diz ele (leia mais aqui). Será que o alerta será ouvido?
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