Rio 247 – Presos os responsáveis diretos pela
morte do cinegrafista da Band Santiago Andrade – um jovem que passou e
outro que acendeu o rojão que atingiu a cabeça do profissional, que
trabalhava na manifestação – cabe agora investigar o próximo passo:
identificar quem financia o movimento de mascarados Black Blocs.
De acordo com o advogado Jonas Tadeu Nunes, que defende Fábio Raposo e
Caio de Souza, presos no Rio de Janeiro, os jovens seriam pagos para
participar de protestos e promover baderna, algo que ele chega a chamar
de "terrorismo social", em entrevista concedida à Rádio Jovem Pan.
"Esses jovens... esse Caio, por exemplo, é miserável. Esses jovens
são aliciados por grupos. Eles recebem até uma espécie de ajuda
financeira, de mesada, para participar dessas manifestações, com o
intuito de terrorismo social", disse o advogado. Ele contou ainda já ter
conversado com outros jovens além da dupla que confirmaram o fato.
Por trás, indicou ele, podem estar "vereadores e deputados
estaduais". "Vocês [da imprensa] deveriam investigar isso: investigar
vereadores em Câmaras Municipais, investigar deputados estaduais...",
afirmou. "São agrupamentos, movimentos... tem até diretórios [de
partidos políticos], segundo informações que eu tenho".
Questionado se apresentaria a prova desse aliciamento em juízo, Nunes
disse que conversaria com seus clientes e que iria ao Conselho Regional
da OAB. Em entrevista concedida ontem, o presidente da seccional do Rio
da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santa Cruz, afirmou que há
grupos políticos envolvidos nas manifestações e criticou o que chamou de
auxílio destes grupos a vândalos.
No último domingo, a ativista Elisa Quadros, conhecida como Sininho,
afirmou que os dois jovens envolvidos com a morte do cinegrafista tinham
relação com o deputado estadual Marcelo Freixo (Psol). O parlamentar
negou. Hoje, o advogado reafirmou: "confirmo com toda a veemência. Eu
ouvi [de Sininho] que os dois rapazes eram conhecidos de Marcelo Freixo.
Ela me disse que estava ligando a mando do deputado Marcelo Freixo,
oferecendo assistência jurídica".
Em entrevista à Globo,
Caio, visivelmente amedrontado, disse que "nem sabia que aquilo era um
rojão". Para o jovem, o artefato explosivo que matou Santiago era um
"cabeção de nego" – bomba que apenas faz barulho e solta fumaça. Ao
falar sobre sua fuga para a Bahia, declarou: "eu fiquei com medo de me
matarem. Essa é a verdade". Questionado sobre quem poderia lhe matar,
respondeu: "pessoas. Pessoas envolvidas nas manifestações".
A fala de hoje do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), sobre o
assunto, corrobora com a tese de que o ato que matou Santiago Andrade
não foi um fato isolado. Para ele, o episódio pode ter cunho político e
"esses dois jovens estão inseridos em um contexto maior". "Há partidos
políticos e organizações embutidos nessas ações (de violência nas
manifestações)", acrescentou Cabral.
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