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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Próximo passo é saber quem financia black blocs

Rio 247 – Presos os responsáveis diretos pela morte do cinegrafista da Band Santiago Andrade – um jovem que passou e outro que acendeu o rojão que atingiu a cabeça do profissional, que trabalhava na manifestação – cabe agora investigar o próximo passo: identificar quem financia o movimento de mascarados Black Blocs.
De acordo com o advogado Jonas Tadeu Nunes, que defende Fábio Raposo e Caio de Souza, presos no Rio de Janeiro, os jovens seriam pagos para participar de protestos e promover baderna, algo que ele chega a chamar de "terrorismo social", em entrevista concedida à Rádio Jovem Pan.
"Esses jovens... esse Caio, por exemplo, é miserável. Esses jovens são aliciados por grupos. Eles recebem até uma espécie de ajuda financeira, de mesada, para participar dessas manifestações, com o intuito de terrorismo social", disse o advogado. Ele contou ainda já ter conversado com outros jovens além da dupla que confirmaram o fato.
Por trás, indicou ele, podem estar "vereadores e deputados estaduais". "Vocês [da imprensa] deveriam investigar isso: investigar vereadores em Câmaras Municipais, investigar deputados estaduais...", afirmou. "São agrupamentos, movimentos... tem até diretórios [de partidos políticos], segundo informações que eu tenho".
Questionado se apresentaria a prova desse aliciamento em juízo, Nunes disse que conversaria com seus clientes e que iria ao Conselho Regional da OAB. Em entrevista concedida ontem, o presidente da seccional do Rio da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santa Cruz, afirmou que há grupos políticos envolvidos nas manifestações e criticou o que chamou de auxílio destes grupos a vândalos.
No último domingo, a ativista Elisa Quadros, conhecida como Sininho, afirmou que os dois jovens envolvidos com a morte do cinegrafista tinham relação com o deputado estadual Marcelo Freixo (Psol). O parlamentar negou. Hoje, o advogado reafirmou: "confirmo com toda a veemência. Eu ouvi [de Sininho] que os dois rapazes eram conhecidos de Marcelo Freixo. Ela me disse que estava ligando a mando do deputado Marcelo Freixo, oferecendo assistência jurídica".
Em entrevista à Globo, Caio, visivelmente amedrontado, disse que "nem sabia que aquilo era um rojão". Para o jovem, o artefato explosivo que matou Santiago era um "cabeção de nego" – bomba que apenas faz barulho e solta fumaça. Ao falar sobre sua fuga para a Bahia, declarou: "eu fiquei com medo de me matarem. Essa é a verdade". Questionado sobre quem poderia lhe matar, respondeu: "pessoas. Pessoas envolvidas nas manifestações".
A fala de hoje do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), sobre o assunto, corrobora com a tese de que o ato que matou Santiago Andrade não foi um fato isolado. Para ele, o episódio pode ter cunho político e "esses dois jovens estão inseridos em um contexto maior". "Há partidos políticos e organizações embutidos nessas ações (de violência nas manifestações)", acrescentou Cabral.

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