Embora haja uma torcida grande e não
declarada de alguns veículos de comunicação para que a classificação
brasileira seja rebaixada a tempo de influenciar as eleições de 2014, a
executiva Lisa Schineller, diretora da maior agência, a Standard &
Poors, minimizou esse risco; "o Brasil teve uma melhora importante na
última década e está sendo subestimado", disse ela; ontem, o jornal
inglês Financial Times afirmou que o Brasil seria o primeiro BRIC a
perder o "grau de investimento", notícia que foi repercutida no País,
mas, logo depois, desmentida pela S&P
247 -
A torcida de alguns meios de comunicação para que a classificação de
risco do Brasil seja reduzida é bastante grande. Como se sabe, no
governo Lula, a nota atribuída ao País por agências como Standard
&Poors (S&P) e Moody's saiu de um nível de quase insolvência
para o chamado "grau de investimento", reduzindo custos de captação
externas para empresas e o próprio governo brasileiro. Essa conquista,
segundo parte da mídia, estaria ameaçada em razão do suposto descontrole
fiscal brasileiro – algo que os números desmentem (leia aqui).
Ontem, a primeira ameaça
foi levantada pelo jornal britânico Financial Times, que tem feito
campanha sistemática contra a política econômica. Em seguida, ganhou
repercussão no site de Veja e em outros veículos de comunicação. O tom
ecoava a manchete alarmista da Folha sobre a "desconfiança" no governo
Dilma. Mas ontem mesmo, no entanto, uma diretora da S&P, Lisa
Schineller veio a público para colocar água na fervura. "O Brasil teve
uma melhora importante na última década e está sendo subestimado", disse
ela. O risco apontado pelo Financial Times, de que o Brasil seja o
primeiro BRIC a perder o grau de investimento, também foi descartado. "A
Índia tem nota BBB-, com perspectiva negativa, e está mais perto do que
o Brasil", disse ela.
Lisa também afirmou que
não há nenhuma perspectiva de mudança iminente de mudança na nota de
risco do Brasil – nada acontecerá em menos de um ou dois anos, disse
ela. Ou seja: ainda que alguns meios de comunicação tentem convencer o
mundo de que o Brasil é pior do que realmente é, as agências de risco
não pretendem cair na histeria.
Abaixo, nota da Reuters a respeito:
S&P diz que pode esperar eleição para decidir sobre rating do Brasil
RIO DE JANEIRO, 6 Nov
(Reuters) - A agência de classificação de risco Standard & Poor's
afirmou nesta quarta-feira que pode esperar a eleição presidencial no
Brasil, em outubro do ano que vem, para decidir se corta o rating de
crédito do país.
Minimizando temores de
que o Brasil poderia perder sua classificação "BBB" no início de 2014, a
analista da S&P Lisa Schineller disse que a agência pode querer
aguardar a eleição para deliberar sobre a perspectiva negativa de
crédito atribuído ao Brasil em junho.
"Se as coisas não
parecerem bem, mas se mantendo, pode ser que queiramos aguardar para ver
os sinais que virão do novo governo", disse ela em entrevista por
telefone. "É claro que poderíamos agir (antes) se as coisas ficarem
realmente piores."
O Brasil é avaliado no
segundo menor nível de grau de investimento pelas três maiores agências
de classificação de crédito, incluindo a Fitch Ratings e a Moody's
Investors Service, mas apenas a S&P atribuiu uma perspectiva
negativa ao país.
Há temores crescentes de
um possível rebaixamento soberano do país desde que o governo apresentou
um déficit primário inesperado de 9,05 bilhões de reais em setembro, o
maior em quase cinco anos.
Preocupados com a
deterioração do desempenho fiscal brasileiro, os investidores têm punido
o real muito mais do que outras moedas de países emergentes, já que
especulam que uma redução do crédito poderia ocorrer mais cedo ou mais
tarde.
Schineller disse que,
embora os últimos números fiscais "não sejam positivos", a S&P
geralmente leva de 18 a 24 meses para tomar uma decisão sobre os ratings
após a revisão das perspectivas.
"Não é uma decisão iminente, se virmos que está se aproximando, colocaríamos o rating em observação", disse ela.
A S&P saudou as
últimas promessas do governo de evitar manobras contábeis para cumprir
suas metas fiscais, mas afirmou que isso não é suficiente.
"Essas palavras são importantes, mas nós também queremos ver a execução", disse Schineller.
(Reportagem de Walter Brandimarte)
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