A culpa é da reeleição, jamais do sábado
CARLOS CHAGAS
Protesta
o PSDB, através do senador Álvaro Dias, pelo fato de a presidente Dilma
haver reunido ministros no sábado passado, afirmando ter sido um ato de
campanha eleitoral. Como examinaram o andamento de obras públicas, e
até sua paralisação, conclui o representante do Paraná terem tratado de
dinamizar a reeleição.
Convenhamos,
o combativo Álvaro Dias exagerou e os tucanos deveriam, diante da
reunião do Dia de Finados, ter explorado o ritmo lento de certas
realizações do governo, bem como ter apresentado suas alternativas para
os programas em análise.
Argumentar
que uma reunião ministerial foi iniciativa eleitoral é bobagem. Ou quem
exerce a presidência da República não tem o direito, certamente a
obrigação, de cobrar eficiência de sua equipe?
Outra
crítica injusta refere-se a terem sido os ministros convocados para um
sábado, porque durante a semana Dilma não dispõe de tempo para cuidar da
administração, empenhada em percorrer o país em campanha, para
inaugurar obras e distribuir benesses. Ora, trata-se de um dever do
governante supervisionar programas em andamento e distribuir verbas e
equipamentos. Se essas atividades contribuem para aumentar sua exposição
junto ao público e inflar seus índices na corrida sucessória, a culpa
não é dela. Simplesmente, aproveitou-se do princípio da reeleição, este
sim uma das grandes aberrações institucionais dos últimos tempos, que
permite a um mandatário disputar o segundo mandato no exercício do
primeiro.
O
diabo, para o PSDB, está em que a reeleição é obra deles. Deveu-se à
ambição de Fernando Henrique Cardoso de permanecer no poder o dobro do
tempo para o qual foi eleito. Ainda mais com a compra de votos no
Congresso para aprovação da emenda constitucional respectiva. Como agora
censurar e querer proibir a adversária de exercer prerrogativas que
eles mesmo criaram?
Há
ebulição no ninho dos tucanos, mas, por enquanto, registra-se apenas
fumaça. Ainda que prometido para ontem, não apareceu o plano de governo
da oposição. Fazer o quê diante de tantos gargalos que prejudicam a
economia? Como agilizar obras públicas? De que outras prioridades o país
necessita, além do desvio das águas do rio São Francisco, por sinal
realizado a passos de tartaruga? Como recuperar os investimentos
estrangeiros? De que forma estabilizar o câmbio e aumentar as
exportações de manufaturados? Ampliar e recuperar a infra-estrutura
nacional, em se tratando de rodovias, ferrovias, portos e silos? É por
aí, e muito mais, que conseguiriam desenvolver sua campanha, jamais
acusando o governo por reunir-se num sábado…
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