quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Artigo de Opinião: A culpa é da reeleição, jamais do sábado

A culpa é da reeleição, jamais do sábado
CARLOS CHAGAS
Protesta o PSDB, através do senador Álvaro Dias, pelo fato de a presidente Dilma haver reunido ministros no sábado passado, afirmando ter sido um ato de campanha eleitoral. Como examinaram o andamento de obras públicas, e até sua paralisação, conclui o representante do Paraná terem tratado de dinamizar a reeleição.
Convenhamos, o combativo Álvaro Dias exagerou e os tucanos deveriam, diante da reunião do Dia de Finados, ter explorado o ritmo lento de certas realizações do governo, bem como ter apresentado suas alternativas para os programas em análise.
Argumentar que uma reunião ministerial foi iniciativa eleitoral é bobagem. Ou quem exerce a presidência da República não tem o direito, certamente a obrigação, de cobrar eficiência de sua equipe?
Outra crítica injusta refere-se a terem sido os ministros convocados para um sábado, porque durante a semana Dilma não dispõe de tempo para cuidar da administração, empenhada em percorrer o país em campanha, para inaugurar obras e distribuir benesses. Ora, trata-se de um dever do governante supervisionar programas em andamento e distribuir verbas e equipamentos. Se essas atividades contribuem para aumentar sua exposição junto ao público e inflar seus índices na corrida sucessória, a culpa não é dela. Simplesmente, aproveitou-se do princípio da reeleição, este sim uma das grandes aberrações institucionais dos últimos tempos, que permite a um mandatário disputar o segundo mandato no exercício do primeiro.
O diabo, para o PSDB, está em que a reeleição é obra deles. Deveu-se à ambição de Fernando Henrique Cardoso de permanecer no poder o dobro do tempo para o qual foi eleito. Ainda mais com a compra de votos no Congresso para aprovação da emenda constitucional respectiva. Como agora censurar e querer proibir a adversária de exercer prerrogativas que eles mesmo criaram?
Há ebulição no ninho dos tucanos, mas, por enquanto, registra-se apenas fumaça. Ainda que prometido para ontem, não apareceu o plano de governo da oposição. Fazer o quê diante de tantos gargalos que prejudicam a economia? Como agilizar obras públicas? De que outras prioridades o país necessita, além do desvio das águas do rio São Francisco, por sinal realizado a passos de tartaruga? Como recuperar os investimentos estrangeiros? De que forma estabilizar o câmbio e aumentar as exportações de manufaturados? Ampliar e recuperar a infra-estrutura nacional, em se tratando de rodovias, ferrovias, portos e silos? É por aí, e muito mais, que conseguiriam desenvolver sua campanha, jamais acusando o governo por reunir-se num sábado…

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