247 - Desde que
perdeu as eleições para a presidente Dilma Rousseff, em outubro do ano
passado, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) já tentou de tudo.
Primeiro, por meio do braço direito
Carlos Sampaio (PSDB-SP), sugeriu erro na contagem dos votos e pediu
auditoria nas urnas eletrônicas. Depois, tentou evitar a diplomação da
presidente reeleita. Além disso, questionou a prestação de contas da
campanha presidencial do PT, que foi aprovada pelo Tribunal Superior
Eleitoral.
A mais recente manobra de Aécio é o
pedido para que o Supremo Tribunal Federal abra uma investigação contra a
presidente Dilma – pedido este que deve ser arquivado pelo ministro
Teori Zavascki, como já ocorreu com uma demanda anterior, apresentada
pelo PPS (saiba mais aqui).
Aécio tem apostando tanto na
instabilidade que recebeu um puxão de orelhas até do ex-deputado e
ex-vereador Agnaldo Timóteo, que, ao vivo, o acusou de querer incendiar o
país. "Esse playboyzinho de Copacabana e Ipanema está agindo como
moleque. Esse moleque que governou Minas Gerais quer que o país pegue
fogo. Eu não quero, eu não quero que meu País pegue fogo", afirmou (leia
mais aqui).
Deixando de lado a frustração por
ter perdido por uma margem pequena a última disputa presidencial, o que
parece mover o senador mineiro é tão-somente seu interesse pessoal.
Aécio sabe que, em 2018, terá que recomeçar sua escalada política
praticamente do zero, retornando a Minas para uma nova disputa pelo
governo estadual.
Concorrência interna
Sim, porque no PSDB há pelo menos
três nomes melhor posicionados para a disputa presidencial de 2018. O
mais óbvio é o do governador paulista Geraldo Alckmin que já declarou,
mais de uma vez, que a presidente Dilma foi eleita e deve cumprir seu
mandato até o fim. O discurso dos 'alckmistas' já está até pronto. Em
2014, São Paulo deu a Aécio tudo o que podia dar. Ele só não venceu
porque foi incapaz de ter a maioria dois votos em Minas Gerais. Ou seja:
a missão partidária de Aécio em 2018 será recuperar Minas.
Entre os governadores, Marconi
Perillo é outro que irá postular a candidatura presidencial após 16 anos
à frente de Goiás, período em que o estado se destacou pela geração de
empregos e pela industrialização e pelos avanços na educação básica – no
ano passado, Goiás ficou em primeiro lugar na avaliação do Ideb. No
mínimo, Marconi irá abrir, no PSDB, uma frente em defesa da realização
de prévias – aliás, ele é outro político de peso que também já se
manifestou em defesa da legalidade e do mandato da presidente Dilma.
Além de dois governadores com vários
mandatos nas costas, Aécio terá outro concorrente de peso: ninguém
menos que o senador José Serra (PSDB-SP), que, numa entrevista recente,
não descartou uma nova candidatura presidencial. Embora bata forte no
governo Dilma e no PT, Serra hoje parece mais preocupado em liderar uma
agenda propositiva no Senado do que em aderir ao movimento golpista.
Isso significa que, entre os
cardeais tucanos, o principal apoio de Aécio vem hoje do ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso, que também se move pelo ressentimento em
relação ao PT e ao ex-presidente Lula. É pouco para garantir a Aécio o
posto de candidato natural em 2018.
Concorrência externa
Assim como terá dificuldades
internas, dentro do próprio PSDB, Aécio não terá vida fácil em Minas
Gerais, onde o governador Fernando Pimentel, do PT, tem quatro anos pela
frente para desmontar o seu alardeado 'choque de gestão'.
Em movimentos recentes, mas sutis,
Pimentel já sinalizou que está pronto para o combate. Rejeitou a
proposta de orçamento apresentada pelo governo anterior, apontando que
havia receitas superestimadas e despesas subestimadas. Também contratou
como 'xerife' Mário Vinícius Spinelli, que foi responsável, na
prefeitura de São Paulo, pela descoberta de vários esquemas de
corrupção.
Neste tema, Aécio viveu um
constrangimento quando da divulgação da chamada 'lista de Janot'. Ele
foi citado pelo doleiro Alberto Youssef como beneficiário de um suposto
esquema de propinas em Furnas e seu caso ainda pode ser reaberto pelo
procurador-geral da República (saiba mais aqui).
Apesar disso, o senador mineiro tem
pautado um discurso agressivo contra a presidente Dilma Rousseff porque
sabe que, até 2018, não terá vida fácil nem dentro do PSDB nem fora. O
lhe interessa, portanto, é algum tipo de atalho como vem sendo tentado
desde a derrota na disputa presidencial.
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