247 - O senador
Ronaldo Caiado (DEM/GO) surtou ontem no Twitter, depois que o governador
de Goiás, Marconi Perillo, do PSDB, participou de um ato ao lado da
presidente Dilma Rousseff, sobre mobilidade urbana na capital Goiânia.
"Marconi envergonha Goiás diante de
todo o País ao tomar uma atitude submissa diante de Dilma e atacar
manifestantes nas ruas", disse Caiado.
No entanto, o mesmo Caiado que posa
de moralista não apresenta boas credenciais nesse quesito. Recentemente,
saiu em defesa do presidente do seu partido, senador Agripino Maia
(DEM/RN), acusado de receber uma propina de R$ 1,1 milhão para liberar a
inspeção veicular em seu estado.
O mesmo Caiado que hoje participa de
passeatas pelo impeachment da presidente Dilma votou contra o
afastamento do ex-presidente Fernando Collor, em 1992. Recentemente, foi
um dos únicos parlamentares a votar contra a Proposta de Emenda
Constitucional do trabalho escravo.
O mais grave, no entanto, tem sido a
postura intolerante e até fascista do senador Caiado, como foi
destacado em artigo recente da colunista Tereza Cruvinel. Leia abaixo:
CAIADO OFENDEU TODOS OS QUE TÊM DEFICIÊNCIAS
O povo na rua é sempre bonito. Mas a
manifestação de domingo teve algumas coisas que me horrorizaram, como
os pedidos de intervenção militar, justo na data em que deveríamos
celebrar o enterro da ditadura com a eleição de Tancredo Neves há 30
anos. Horrorizou-se particularmente a camiseta amarela do senador
Ronaldo Caiado, com um basta acima de uma mão com apenas quatro dedos. A
mão de Lula, que teve o mindinho decepado numa prensa quando era
operário.
Caiado é um médico, e nós temos a
ilusão de que os médicos são humanistas, mesmo quando são
conservadores. Estigmatizar uma pessoa por sua diferença física, por sua
raça, sexo ou cor estão entre as coisas mais abomináveis de que o ser
humano é capaz. Isso é facismo, sim, porque remete à eugenia, ao culto
da pureza e da perfeição físicas, pensamento que embasou o racismo e o
fascismo, a escravidão e o sentimento eurocentrista que justificou a
colonização dos “povos inferiores”, como os ameríndios e os africanos
pelos europeus.
Caiado pode dizer tudo o que quiser
de Lula mas não deve reduzir a pessoa do ex-presidente ao dedo que não
tem. Quando reduzimos uma pessoa com deficiência ao que lhe falta,
estamos negando tudo que é ela tem e é, de bom e de ruim. Vale para Lula
e para os 15% de brasileiros com alguma deficiência, física, mental ou
sensorial. Se não a Lula, e estes Caiado devia pedir desculpas. Se
discrimina quem não tem um dedo, fará o mesmo com quem não anda, não tem
uma perna, um braço, com quem tem problemas de voz, audição ou
cognição.
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