sexta-feira, 20 de março de 2015

Marconi atraiu ira de Caiado porque furou a bolha do fascismo

247 - O senador Ronaldo Caiado (DEM/GO) surtou ontem no Twitter, depois que o governador de Goiás, Marconi Perillo, do PSDB, participou de um ato ao lado da presidente Dilma Rousseff, sobre mobilidade urbana na capital Goiânia.
"Marconi envergonha Goiás diante de todo o País ao tomar uma atitude submissa diante de Dilma e atacar manifestantes nas ruas", disse Caiado.
No entanto, o mesmo Caiado que posa de moralista não apresenta boas credenciais nesse quesito. Recentemente, saiu em defesa do presidente do seu partido, senador Agripino Maia (DEM/RN), acusado de receber uma propina de R$ 1,1 milhão para liberar a inspeção veicular em seu estado.
O mesmo Caiado que hoje participa de passeatas pelo impeachment da presidente Dilma votou contra o afastamento do ex-presidente Fernando Collor, em 1992. Recentemente, foi um dos únicos parlamentares a votar contra a Proposta de Emenda Constitucional do trabalho escravo.
O mais grave, no entanto, tem sido a postura intolerante e até fascista do senador Caiado, como foi destacado em artigo recente da colunista Tereza Cruvinel. Leia abaixo:

CAIADO OFENDEU TODOS OS QUE TÊM DEFICIÊNCIAS

O povo na rua é sempre bonito. Mas a manifestação de domingo teve algumas coisas que me horrorizaram, como os  pedidos de intervenção militar, justo na data em que deveríamos celebrar o enterro da ditadura com a eleição de Tancredo Neves há 30 anos.  Horrorizou-se particularmente a camiseta amarela do senador Ronaldo Caiado, com um basta acima de uma mão com apenas quatro dedos. A mão de Lula, que teve o mindinho decepado numa prensa quando era operário.
Caiado é um médico, e nós temos a ilusão de que os  médicos são humanistas, mesmo quando são conservadores. Estigmatizar uma pessoa por sua diferença física, por sua raça, sexo ou cor estão entre as coisas mais abomináveis de que o ser humano é capaz.  Isso é facismo,  sim, porque remete à eugenia, ao culto da pureza e da perfeição físicas,  pensamento que embasou o racismo e o fascismo, a escravidão e o sentimento eurocentrista que justificou a colonização dos “povos inferiores”, como os ameríndios e os  africanos pelos europeus.

Caiado pode dizer tudo o que quiser de Lula mas não deve reduzir a pessoa do ex-presidente ao dedo que não tem. Quando reduzimos uma pessoa com deficiência ao que lhe falta, estamos negando tudo que é ela tem e é, de bom e de ruim. Vale para Lula e para os 15% de brasileiros com alguma deficiência, física, mental ou sensorial. Se não a Lula, e estes Caiado devia pedir desculpas. Se discrimina quem não tem um dedo, fará o mesmo com quem não anda, não tem uma perna, um braço, com quem tem problemas de voz, audição ou cognição.

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