Bernardo Mello Franco - Folha de S.Paulo
O PSDB pediu à
Justiça Eleitoral que anule os votos de Dilma Rousseff e entregue a
faixa de presidente ao candidato derrotado Aécio Neves. A ação tem 54
páginas e um início espantoso. Afirma que a petista teve uma 'pífia
vitória nas urnas' e que sua legitimidade é 'extremamente tênue', apesar
da vantagem de 3,4 milhões de votos. Por dever de ofício, continuei a
leitura.
O primeiro
argumento tucano é que Dilma abusou do poder político ao convocar
cadeias de rádio e TV para se promover. É verdade, mas ela já foi
condenada e multada por isso.
Os exemplos
citados são de março, no Dia da Mulher, e maio, no Dia do Trabalho. A
campanha só começou em julho, e depois Marina Silva e o próprio Aécio
chegaram a ultrapassar a petista nas pesquisas. Atribuir sua reeleição a
dois pronunciamentos no primeiro semestre é uma ofensa ao eleitor, que
já foi punido com a overdose de exposição dos três candidatos na
propaganda obrigatória.
Algumas páginas
adiante, o PSDB afirma que sindicatos apoiaram a candidata do PT. É uma
acusação tão ociosa quanto dizer que bancos cerraram fileiras com o
tucano.
Como provas, o
texto enumera outdoors espalhados por professores mineiros em endereços
como a rua 33, em Ituiutaba, e a avenida Pau Furado, em Uberlândia. Se
Aécio pensa ter encontrado aí a razão do fracasso em seu próprio Estado,
o PT já pode gelar o champanhe para 2018.
A ação ainda
enfileira irrelevâncias como a publicação de notícias simpáticas à
presidente em um site oficial e o transporte gratuito de eleitores para
um comício em Petrolina.
Por fim, o PSDB
cita Paulo Roberto Costa, o ex-diretor da Petrobras, para sustentar que
Dilma foi bancada por empreiteiras corruptas. Muitas também financiaram
Aécio, mas isso é o de menos. Se as denúncias forem confirmadas ao fim
do processo, a oposição poderá até defender o impeachment da presidente.
Tentar impedir sua posse agora, no tapetão, parece apenas choro de
perdedor
Nenhum comentário:
Postar um comentário