247 - Numa palestra em que a declaração que mais repercutiu foi política ("tanto faz enfrentar Dilma ou Lula"),
o presidenciável tucano Aécio Neves (PSDB-MG) antecipou também um ponto
importante de sua plataforma econômica. No encontro promovido pelo
Lide, ele afirmou que pretende rever o modelo de partilha no setor de
petróleo e retomar o projeto de concessões. "Acredito que as concessões
são a melhor forma de atrair investimentos", disse ele. "O problema é
que o Brasil não está mais sozinho. Nos últimos anos, dos US$ 300
bilhões que foram investidos, nada veio para cá, até porque houve novas
descobertas no Golfo do México e na costa africana".
O modelo de partilha, implantado
depois da descoberta do pré-sal, é um tema caro à presidente Dilma
Rousseff. O ápice desse modelo ocorreu na venda de Libra, campo que foi
arrematado pela Petrobras, em parceria com a Shell e com duas empresas
chinesas. Na ocasião, Dilma convocou cadeia nacional de rádio e
televisão para enaltecer o resultado do leilão. Os defensores da
partilha argumentam que não faz sentido apenas leiloar essas bacias, uma
vez que já existe a comprovação da existência do petróleo.
Os críticos desse modelo alegam, no
entanto, que o modelo gera ônus excessivos para a Petrobras e que seria
necessário abrir o setor a outros investidores para que o Brasil amplie
mais rapidamente sua produção de petróleo, reduzindo importações.
Essa disputa entre partilha versus concessões foi também abordada pelo site Tijolaço no post abaixo:
Aécio diz em público o que Serra cochichava: quer o fim do modelo Lula no petróleo
Uma pessoa presente à palestra de
Aécio Neves hoje, numa associação de empresários, relata que, ao
prometer “reestatizar” a Petrobras, Aécio Neves admitiu rever o modelo
de partilha do petróleo da camada pré-sal, instituído por Lula e que
garante não apenas que o Estado brasileiro fica com parte da produção
como assegura que a Petrobras seja a operadora única, com pelo menos 30%
de qualquer consórcio privado que receba o direito de explorar o óleo.
Não é, a rigor, novidade.
O tucano já havia defendido a volta ao modelo de concessão de Fernando Henrique Cardoso em outubro do ano passado.
É o mesmo que José Serra havia prometido a Patrícia Pradal, executiva da Chevron, numa reunião privada, que vazou com os telegramas do Wikileaks.
Não seria de esperar outra coisa de um candidato que, pela primeira vez desde 2002, resolveu se assumir como “fernandista”.
À medida em que os dias forem se
passando, a mistificação em torno da CPI da Petrobras vai deixar claro o
pano de fundo de toda essa história.
Enquanto isso, a campanha de desgaste da Petrobras, além de prejudicar a empresa e o país, vai servindo para todo tipo de esperteza no mercado de capitais contra os pequenos investidores.
Aliás, Aécio estava atacado e disse que “tanto faria” enfrentar Dilma ou Lula nas eleições.
São provocações pueris de Aécio,
contra-atacando a ânsia dos últimos dias de Eduardo Campos, que tentou
se mostrar mais anti-Lula do que ele.
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