247 – Acostumado a distribuir chibatadas a cada
fato negativo envolvendo políticos do PT, o PSDB agora começa a perceber
como é estar na outra ponta do chicote. O partido levou duas estaladas
seguidas, nas quais entraram com sofrimentos para o noticiário
político-policial dois de seus quadros mais emblemáticos. O vereador
Andrea Matarazzo, em São Paulo, e o ex-governador Eduardo Azeredo, em
Minas, subiram em definitivo para a berlinda em pleno ano eleitoral.
O primeiro foi Andrea, como o vereador mais votado da capital
paulista é chamado dentro da cúpula do partido. Ele foi tesoureiro da
campanha de reeleição do então presidente Fernando Henrique após ter
sido secretário de Energia e presidente da Cesp no governo de Mario
Covas em São Paulo. Daquelas posições, Matarazzo será investigado,
agora, em inquérito policial exclusivo, por suspeita de envolvimento no
escândalos de distribuição de propinas e formação de cartel
Alstom-Siemens.
De acordo com o noticiário da eleição de 1998, Matarazzo conseguiu
recolher cerca de US$ 3 milhões para a campanha vitoriosa de FHC. A
autorização judicial para a investigação sobre ele foi concedida na
terça-feira 18.
Nesta quarta-feira 19, o brilho ao contrário para o prestígio do PSDB
foi proporcionado pelo ex-governador Eduardo Azeredo. Ele renunciou ao
seu mandato de deputado federal, após ter sido denunciado pelo
procurador-geral da República Rodrigo Janot ao Supremo Tribunal Federal.
Pesa sobre Azeredo um pedido de condenação a 22 anos de prisão por
corrupção, desvio de dinheiro e formação de caixa dois. A manobra que
ele executou, porém, de abrir mão do mandato para escapar do julgamento
no STF pode não dar certo. O relator do caso, ministro Luís Roberto
Barroso, afirmou que vai avaliar se houve a intenção, no gesto, de
buscar uma escapada deliberada do Supremo para, a partir da primeira
instância da Justiça comum, ganhar prazos e direito a recursos.
Os problemas de Matarazzo e Azeredo não faziam parte das contas
políticas dos tucanos. O comando do partido não podia calcular o tamanho
dos estragos, em curso, do escândalo Alstom-Simens. Eles pode ser
vistos em todas as administrações da legenda em São Paulo. O próprio
governador Geraldo Alckmin, interessado em minimizar os efeitos do caso
durante sua campanha de reeleição, já declarou que espera pela punição
exemplar dos culpados.
Em Minas, terra do presidenciável Aécio Neves, o caso do chamado
mensalão mineiro já vinha sendo assimilado pela legenda. Havia a aposta,
entretanto, de que o STF não entrasse tão cedo na apreciação do
episódio. A agilidade do procurador-geral e a relatoria do ministro
Barroso não estavam nos planos.
Se Azeredo conseguir escapar para a primeira instância, o PSDB sairá
de todo o imbroglio até aqui no lucro político. Mas se o STF, por meio
do ministro Barroso, decidir que vai mesmo julgar o caso até o fim, não
faltarão notícias para os petistas trocarem chumbo com o PSDB – eles que
só estavam apanhando.
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