Josias de Souza
Desde
que deixou a presidência do Senado, Renan Calheiros tem feito dupla
jornada. Como líder do governista PMDB, o senador revela-se um inusitado
comandante da oposição ao Planalto. Com a lealdade a Michel Temer já
extremamente cansada, Renan encena em público um rompimento em
conta-gotas. Simultaneamente, renegocia no escurinho o preço de sua
fidelidade. A julgar pela acidez da oratória de Renan, o governo ainda
não enxergou o valor do seu quase ex-aliado.
Depois de dizer que a reforma da Previdência de Temer é ''exagerada'' e
de insinuar que o Planalto segue ordens de Eduardo Cunha, emadas desde
uma cela do sistema penitenciário pranaense, Renan voltou à carga. Nesta
quarta-feira, declarou que o governo “já inviabilizou”
a reforma da Previdência. Afirmou que, do modo como age,
“precipitadamente”, o Planalto acabará sepultando também as reformas
trabalhista e tributária.
Convidado
pelos repórteres a trocar em miúdos suas críticas, Renan limitou-se a
dizer que a bancada do PMDB, a maior do Senado, com 22 votos, precisava
ter uma conversa “franca e aberta” com o companheiro Temer. Franca?
Talvez. Aberta? Jamais.
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