247 - Parte da propina arrecadada por auditores da
Receita Estadual em Londrina, no esquema de corrupção investigado na
Operação Publicano, foi usada para financiar a campanha de reeleição do
governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), afirmou o auditor fiscal Luiz
Antônio de Souza, em depoimento prestado dentro de um acordo de delação
premiada. O advogado de Souza, Eduardo Duarte Ferreira, garantiu que,
segundo o cliente, R$ 2 milhões foram arrecadados em fevereiro de 2014
para a campanha do tucano.
Ainda de acordo com o advogado, o delator disse que não teve contato
direto com o governador, mas que o pedido da propina para financiar a
campanha foi feito por Márcio de Albuquerque Lima, considerado o chefe
da quadrilha na Receita e parceiro de Richa em corridas de carro.
"Ele não cita textualmente o governador Beto Richa, até porque ele
não teve contato, mas o pedido que veio do delegado [como o advogado se
refere a Márcio de Albuquerque Lima] era pra arrecadação para a campanha
do governador Beto Richa", confirmou o advogado.
O dinheiro, segundo Souza, foi entregue por Lima ao empresário Luiz
Abi Antoun, parente do governador, acusado, além de ter participação no
esquema da Receita, de chefiar uma quadrilha que fraudou uma licitação
para o consertos de carros oficiais do Governo do Estado. Lima foi
indicado à chefia da Receita em Londrina por Autoun.
O Ministério Público (MP-PR) confirmou o teor da delação do auditor e
afirmou que, agora, os promotores vão aprofundar as investigações com
base no depoimento.
"Aquilo que está no acordo é uma das provas que precisam ser
confirmadas e corroboradas por outras diligência e outras investigações
que já estão em andamento aqui no Gaeco", ressaltou o promotor Jorge
Barreto Costa.
Souza está preso desde o dia 13 de janeiro, quando foi flagrado pelo
Gaeco em um motel em Londrina com uma adolescente de 15 anos. Por esse
flagrante, o auditor responde por favorecimento à prostituição de
menores.
O PSDB afirmou em nota que "refuta de forma veemente as declarações
do auditor Luiz Antônio de Souza e informa, ainda, que Luiz Abi Antoun,
nunca tratou de arrecadação para a campanha eleitoral". O partido
ressalta que "todas as doações recebidas na campanha ocorreram dentro da
legalidade, sendo registradas e atestadas pelo comitê financeiro". As
contas, diz o PSDB, foram aprovadas pela Justiça Eleitoral.
A Operação Publicano foi deflagrada em março. Durante dez meses o
Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco)
investigou um esquema de corrupção dentro da Receita Estadual em
Londrina. Nesse período, os promotores descobriram que auditores fiscais
cobravam propina de empresários para não aplicarem multas. Para dar
legitimidade ao esquema, os mesmos auditores e outros empresários abriam
empresas em nomes de "laranjas" para emitir notas fiscais.
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