O espírito antidemocrático da mídia nos ataques aos advogados
A falta de informação jurídica
mínima produziu um escândalo do nada, comprovando que, na atual luta
política, o padrão dos jornais é o que mais se aproxima do conhecimento e
das práticas das republiquetas bolivarianas. O desapego aos valores
democráticos e aos direitos individuais é típico de uma pré-história
latino-americana, um período que se pensava estar relegado ao lixo da
história.
Provincianos,
anacrônicos, despreparados, gostam de invocar os valores
norte-americanos naquilo que têm de superficial, deixando de lado os
princípios fundadores da democracia, além de exibir um desconhecimento
gigantesco de regulamentos públicos.
O exercício
profissional do advogado prevê um direito mínimo: poder despachar
pessoalmente petições em defesa de clientes, junto à autoridade
destinatária da petição. O regulamento do Estado brasileiro prevê que
para conversar com um Ministro, antes o pedido precisa ser publicado no
Diário Oficial e a conversa levada a efeito colocada em ata e
protocolada.
São procedimentos
burocratizantes que dificultam o exercício da advocacia mas que foram
seguidos à risca por advogados que estiveram recentemente com o ministro
da Justiça José Eduardo Cardozo.
Daí a surpresa do
advogado Pedro Serrano, pelo fato da audiência ter sido alvo de
manifestações escandalosas por parte da mídia e do ex-Ministro do
Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa.
"Fiquei surpreso ante
as repercussões autoritárias quanto a um exercício corriqueiro na
pratica forense e administrativa", diz ele. "Pedimos formalmente
audiência ao ministro, levamos a ele petições por escrito e foi lavrada
ata da reunião".
Os temas tratados eram
claramente da alçada do Ministério. E as petições só poderiam ser
endereçadas ao Ministro. Nada disso foi levado em conta pela mídia, que
continua firmemente empenhada em se afastar cada vez mais da sua missão
de bem informar.
Aliás, criticar Cardozo
por ativismo é uma ficção que não engana nem o mais crédulo dos
leitores. Cardozo foi incapaz sequer de cobrar celeridade nas
investigações sobre os vazamentos da Lava Jato;
Quanto às manifestações
de Joaquim Barbosa, elas não são neutras. Demonstram, de um lado, total
ignorância de Barbosa quanto ao papel simbólico desempenhado por um
ex-presidente do STF. Trata-se de um tosco emocional que jamais
respeitou os poderes dos quais foi protagonista. O reino que Barbosa
sempre perseguiu foi o das celebridades. Cada berro dele o transporta de
volta ao mundo feérico das colunas sociais além de reanimar o mercado
de palestras.
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