Todos sabem qual foi a primeira grande mentira pública sobre Lula. No
segundo turno da campanha eleitoral à Presidência de 1989, Miriam
Cordeiro, ex-namorada do então candidato do PT à Presidência, Lula,
apareceu no programa eleitoral de seu adversário, Fernando Collor, para
acusar o pai de sua filha Lurian de supostos defeitos morais.
Rapidamente, Lula conseguiu direito de resposta no Tribunal Superior
Eleitoral. A eleição em segundo turno ocorreria em poucos dias e não
havia tempo a perder.
Porém, já era tarde. Ficara a versão de Lula contra a da ex-mulher.
Ela o acusara de ser “racista”, “abortista” e de desprezar a filha que
tinham tido, Lurian. O prejuízo eleitoral era insanável.
Lula ainda tentou uma última cartada para desfazer a farsa. A pedido
da filha, então adolescente, levou-a ao seu programa eleitoral, porém
sem que ela abrisse a boca, o que só faria publicamente muitos anos
depois, confirmando tudo o que o pai afirmara sobre a relação dos dois
naquele final de 1989.
A menina muda ao lado de Lula não foi tão convincente quanto a
verborragia de uma ex-mulher que o odiava e que, além disso, tinha bom$
motivo$ para difamá-lo. Anos mais tarde, em entrevista ao Jornal do
Brasil, Miriam Cordeiro revelou que fora paga por Collor para caluniar o
pai de sua filha naquele infame programa eleitoral.
Pulemos um quarto de século. Final de 2014, dezembro. O Jornal O
Globo, que apoiara a estratégia eleitoral de Collor contra Lula, em
1989, divulga matéria afirmando
que Lula seria dono de um imóvel de luxo no Guaruja, que estaria
reformando, apesar de que o ex-presidente nem tinha as chaves.
Aquela deve ter sido a milionésima mentira assacada contra o
ex-presidente da República ao longo de sua carreira política. Mas talvez
nem o próprio Lula tenha se dado conta de que aquela mentira era
especial, porque fora espalhada no aniversário de 25 anos da primeira
grande calúnia que sofreu, a que usou Miriam Cordeiro.
Nem um mês depois, agora na primeira semana de janeiro último, surge outra invenção contra
o ex-presidente. Teria um câncer gravíssimo, no pâncreas, onde a cura é
extremamente difícil. Ou seja, estaria desenganado. Mais uma vez, ele
teve que se mobilizar para desmentir uma invenção.
Mais um mês, mais uma farsa contra
Lula. Alguns dirão que talvez seja a pior, mas este que escreve julga
que foi apenas a mais bizarra, pois, agora, já se poderia dizer que não
falta inventarem mais nada contra ele.
Sim, Lula, agora, já pode dizer que foi acusado até de ter morrido.
E se quiserem atribuir essa farsa inacreditável ao “submundo da
internet”, não rola. 10 dias após a penúltima mentira, a revista Veja
não apenas inventou um neto de 3 anos para o petista; também inventou
que a festa de aniversário da criança imaginária custaria 220 mil reais e
presentearia cada convidado com um I-Pad.
Há um quarto de século funciona uma infame indústria de calúnias
contra Lula. E o que é mais surpreendente é que, de certa forma, os
donos dessa indústria são os mesmos de 25 anos atrás, se se considerar
que Collor não passou de um títere dos mesmos impérios de comunicação
que caluniam Lula sem parar desde 1989.
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