47 - Antes do
julgamento da Ação Penal 470, uma capa de Veja ficou famosa. Era a do
"menino pobre que mudou o Brasil", numa referência ao juiz Joaquim
Barbosa, que conduziu o caso e, depois dele, trocou a toga pela
política. Ao que tudo indica, em 2018, Barbosa será candidato a algum
cargo eletivo – talvez até à presidência da República.
Agora, a revista Época, das
Organizações Globo, repete a estratégia. A capa desta semana trata dos
"homens que estão mudando o Brasil". São eles o juiz Sergio Moro e dois
procuradores que compõem a força-tarefa da Operação Lava Jato: Carlos
Fernando e Deltan Dellagnol.
Moro e Barbosa têm algo em comum.
Ambos foram eleitos pelo Globo como a personalidade do ano do prêmio
"Faz Diferença" – Barbosa o recebeu dois anos atrás e Moro será premiado
em 2015.
As razões para a eleição dos dois juízes, segundo as Organizações Globo, são o combate implacável à corrupção.
A revista Época, no entanto, não
revela aos leitores que os irmãos Marinho têm uma agenda própria no
setor de petróleo e de engenharia.
Em editoriais publicados no Globo, a
família mais rica do Brasil e também a mais próspera do mundo no setor
de mídia (graças ao quase monopólio exercido no País), já defendeu a
abertura do pré-sal a empresas estrangeiras, como Shell e Exxon, e a
quebra de empreiteiras brasileiras, que, segundo O Globo, deveriam ser
declaradas inidôneas, para que o mercado passe a ser ocupado por
construtoras internacionais.
Além dos interesses econômicos, há
também a questão política. "Existe apenas uma coisa pior do que não
combater a corrupção. É você fingir que está combatendo-a, como em 1954 e
1964 – com finalidades inconfessáveis", diz o jornalista Paulo
Nogueira, editor do Diário do Centro do Mundo, que já foi diretor de
revistas da própria Globo.
Segundo Nogueira, os Marinho querem o
impeachment do Dilma e a revisão de toda a política de exploração do
petróleo e de conteúdo nacional nas encomendas da Petrobras.
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