Por Janio de Freitas, na Folha de S. Paulo.
Passados 13 dias da morte de Eduardo
Campos, a Polícia Federal ainda procurava, com magra esperança de
encontrar hoje, informação clara e segura sobre a situação (i)legal do
avião e do uso que dele fazia o candidato. Ninguém do PSB, do comitê de
campanha ou da família dera alguma indicação útil. Nisso está o
suficiente para saber-se que o pequeno mistério não é sem causa. Ainda
antes da queda, aquele avião já era portador de um risco desastroso para
as pretensões políticas de Eduardo Campos. Com provável
corresponsabilidade dele ou não, tanto faz.
Sejam quais forem os esclarecimentos
vindouros, se causarem surpresas não estará entre elas o nome de Marina
Silva. A composição que a comprometeu com a campanha foi muito posterior
à inclusão do jato nas atividades de Eduardo Campos e do PSB. A
cobrança que Aécio Neves faz de explicações de Marina Silva, sobre as
suspeitas de irregularidades no uso do jato, é mais do que imprópria: é
uma apelação imoral. E pior porque justificada por Aécio como
contrapartida às cobranças sobre a construção do aeródromo em
Cláudio-MG. Aí já é também falsificação de equivalências.
Não é melhor moralmente a resposta
transgênica do vice de Marina Silva, Beto Albuquerque, abrigado na chapa
apesar de identificado, por posições no Congresso, com propósitos da
multinacional do agrotóxico Monsanto. Quando Marina Silva foi indagada
em São Paulo sobre a situação do jato, Beto Albuquerque apressou-se em
assumir a resposta, para dizer, entre outras fugas sobre “essa pauta de
quem contratou” o avião: “O mais importante é saber como os sete
companheiros morreram”.
Não é o mais nem o menos. Um assunto não
tem a ver com o outro, nem um deles serve para encobrir o outro. Beto
Albuquerque tinha na Câmara, e mantém como candidato, responsabilidades
de liderança no PSB que tem o que dizer, à Justiça Eleitoral e à Polícia
Federal, no mínimo sobre os gastos com o avião.
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