Marina, neste momento, é problema de Aécio. E, por ser problema de Aécio, ela é, também, problema da mídia tucana – Globo, Folha, Veja e Estadão, a priori. E, sendo problema da mídia tucana, quanto mais passar o tempo, mais ela deve ser atacada
Em algumas horas, sairá a primeira pesquisa sobre a sucessão
presidencial posterior ao auge da comoção provocada por um espetáculo
sórdido que apelidaram de “velório de Eduardo Campos”. Devido ao
considerável volume de pesquisas privadas que têm sido feitas, já dá
para arriscar uma previsão sobre como está a corrida pela Presidência da
República.
A pesquisa Ibope que está para ser divulgada deve mostrar o seguinte
quadro: Aécio despencando com força, Dilma melhorando um pouco (mais
provavelmente em aprovação pessoal e de seu governo, mas pouco ou nada
em intenções de voto) e Marina disparando e ultrapassando o tucano.
Nenhuma surpresa, até aqui. Na segunda-feira da semana passada (18/8), este blog já avisava que Marina é problema de Aécio, não de Dilma. Pelo menos no primeiro turno. No segundo, a conversa é outra. Inclusive porque pode não haver segundo turno.
Devido à contaminação pelos desejos dos que encomendaram as tais
“pesquisas privadas” citadas no primeiro parágrafo, há que ter cuidado.
Contudo, alguns afirmam que Aécio caiu tanto que, mesmo com a forte
subida de Marina, a soma dos votos dos adversários de Dilma pode ser
insuficiente para levar a eleição para o segundo turno.
Esse quadro, ao menos em pesquisas Ibope, Datafolha ou Sensus
(instituto que, nesta eleição, trabalha para o PSDB), dificilmente será
mostrado, caso exista. Em 2014, à diferença de 2010, Dilma não conta com
nenhuma série de pesquisas de um instituto isento – os que vêm apurando
o cenário são ligados à mídia tucana. Mas a possibilidade existe…
Seja como for, o imenso prejuízo que a candidatura de Marina causou a
Aécio já é, praticamente, uma certeza. Poucos acreditam que o Ibope
deixará de mostrá-lo sendo fortemente ultrapassado por ela.
Claro que Marina representa ameaça a Dilma em um eventual segundo
turno. A mesma pesquisa prestes a ser divulgada pode/deve mostrar que,
se houver uma segunda eleição, a “socialista” venceria a petista, ainda
que por margem igual ou ligeiramente superior ao limite da margem de
erro. Mas, detalhe: só se a eleição fosse hoje. E não é.
O problema de Marina é que a eleição só ocorrerá daqui a mais de um
mês, tempo suficiente para ela ser submetida à máquina tucana na mídia.
Aliás, segundo vários analistas essa máquina já começará a ser posta em
funcionamento na próxima quarta-feira, quando ela for submetida ao
interrogatório do Jornal Nacional.
Devido a esse suposto naufrágio da candidatura de Aécio, William
Bonner e Patrícia Poeta podem/devem partir com tudo para cima de Marina
brandindo o caso do avião que caiu com Eduardo Campos, por suspeita de a
aeronave ser produto de caixa 2.
Aécio e Dilma não devem partir já para cima de Marina. Dilma porque
ela não é sua adversária no momento e Aécio porque confia na mídia para
fazer o serviço por ele. Desse modo, já no fim de semana a mídia tucana
começou a bombardear Marina. E não vai parar enquanto ela não cair ou
não ficar claro que Aécio não tem mais chances de ir ao segundo turno,
se houver segundo turno.
De uma coisa, porém, já se pode ter certeza: a mídia, ao inflar
Marina como inflou logo após a morte de Campos, deu um tiro de canhão no
próprio pé. Acreditou firmemente que, por ser tida como “de esquerda”,
tiraria votos de Dilma. Foi um erro crasso. Que esquerdista vota numa
candidata que tem o segundo maior banco do país por trás de si?
Mais: veja, leitor, quem são os “honoráveis empresários” que cederam
um avião a jato a ela e a Campos. Tutti buona gente. Fizeram com os dois
um acordo nebuloso para lhes emprestar (?) ferramenta imprescindível
numa campanha nacional: um jatinho.
Marina, de esquerda? Então tá.
Mas, como já se disse aqui, Marina, neste momento, é problema de
Aécio. E, por ser problema de Aécio, ela é, também, problema da mídia
tucana – Globo, Folha, Veja e Estadão, a priori. E, sendo problema da
mídia tucana, quanto mais passar o tempo, mais ela deve ser atacada. A
menos que Aécio caia muito. Nesse caso, pode ocorrer outro fenômeno.
Muito mais divertido.
Marina é uma aposta de extremo risco. Seu governo pode vir a ser
qualquer coisa. Pode ser tomado pelo PSDB, mas muitos acham que o PT
poderia adquirir hegemonia.
PMDB? Claro que sim, mas não será suficiente. Um governo do PT ou do
PSDB terá uma forte base parlamentar própria. Sobretudo se Dilma vencer.
O PT deve sair dessa eleição com cerca de uma centena de deputados. O
PSDB, com metade disso. Seja como for, para montar uma base de apoio
sólida Marina teria que negociar tudo e com quem pagar mais.
Um desastre para o Brasil.
Imagine se Marina vence e cumpre a promessa de governar com PT e PSDB. Seria um governo em guerra permanente.
Por outro lado, as manias de Marina. Apesar de ter a dona virtual do
Itaú coordenando sua campanha, apesar de estar andando com um cabeça de
planilha (Eduardo Gianneti) a tiracolo, parte do mercado – e não é só o
agronegócio – teme suas conhecidas esquisitices. Afinal, uma candidata
que vem lutando contra a construção de hidrelétricas não chega a ser o
ideal para o mundo capitalista…
Tudo isso que você acaba de ler foi escrito para demonstrar que
Marina é muito menos confiável e desejável/aceitável para o capital do
que Aécio. Porém, ela pode vencer. Eis que, entre ela e Dilma, o mercado
pode tender a ficar com a segunda, que seria considerada o “mal menor”
na falta do tucano.
A mídia pensou que, inflando Marina, ela ganharia alguns pontinhos
nas pesquisas, mas não mais do que o suficiente para provocar um segundo
turno entre Aécio e Dilma. Não a levou a sério. Não imaginou que
cresceria tanto. E, o que é mais, de jeito nenhum imaginou que Aécio
seria o maior prejudicado.
Um petista que sabe das coisas disse ao Blog que a mídia tucana não
conhece o eleitorado brasileiro. Conhece-o tão pouco quanto o próprio
PSDB. A campanha nauseante de “santificação” que Globos, Folhas, Vejas e
Estadões fizeram para Marina comprova essa tese. Agora, a mesma mídia
terá que desconstruí-la para Aécio. Haverá tempo?
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