O Ex-ministro José Dirceu em artigo contesta as declarações do PSDB e de seu pré-candidato a Presidente da Republica, Aécio Neves.
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Com candidatura ao Planalto lançada
há quase um ano pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o senador
Aécio Neves (PSDB-MG) continua reclamando das visitas da presidenta
Dilma Rousseff ao seu Estado, Minas Gerais, que ele considera sua
principal base eleitoral, alavanca para a disputa da eleição nacional do
ano que vem.
A presidenta volta a Minas esta
semana e agora Aécio faz chegar a mídia levantamento com o número de
viagens da chefe do governo a seu Estado nos últimos três meses – a
média de uma visita a cada 13 dias. Mas qual o problema? Ele não disse,
até em nota oficial na semana passada, que ela abandonou o Estado? Não
foi ele que levantou essa questão de a presidenta ter nascido em Belo
Horizonte e ter vivido boa parte da vida com marido e filha no Rio
Grande do Sul, antes de chegar ao governo federal?
Com esse procedimento, Aécio se
trai. Ele pensa que Minas ainda é uma capitania hereditária. Da qual ele
é donatário, julga. Na verdade, para provar que está tão bem assim em
Minas, a ponto de implicar com concorrente na eleição de 2014 que vai ao
Estado, ele ainda vai ter que disputar a eleição. Soberano, nas Gerais,
é o povo mineiro, e não ele.
Calma, senador, ainda é necessário disputar a eleição…
No fundo isso é medo da concorrente
em Minas, principalmente porque ele sabe que não está tão bem assim
quanto propala. A real situação do senador em Minas está exposta na
reportagem “Economia fraca arranha vitrine de Aécio em Minas”, publicada
ontem pela Folha de S.Paulo – finalmente um jornalão radiografa a
situação deixada por ele em Minas depois de oito anos como governador do
Estado (2003-2010).
A reportagem mostra o endividamento
do Estado – o maior do Brasil em termos proporcionais; o fato de ser um
dos Estados que menos recebem investimentos; a falta de grandes obras de
infraestrutura; a queda da qualidade da educação e saúde…
Tudo ao contrário da propaganda
tucana. Tudo resultado dos métodos de governo de Aécio, do seu domínio
por cooptação sobre a Assembleia Legislativa – ele governou por leis
delegadas, na prática, por decreto – do seu controle total sobre a
mídia, da censura aos opositores…
Herança de Aécio em Minas deslegitima seu discurso
Enfim, a herança do governador Aécio
em Minas é toda uma situação que deslegitima seu discurso de
aparelhamento do Estado pelo PT e de fisiologismo no Congresso Nacional.
A situação e essa radiografia publicada ontem na Folha de S.Paulo são
as provas mais eloquentes e incontestáveis de que a Minas de Aécio e a
Minas pós-Aécio vivem de propaganda – aliás, Minas é a que mais gasta em
publicidade dentre os 27 Estados do país.
É a prova, também, de que Aécio não
suporta nem cinco minutos de debate sobre sua gestão e a de seu
sucessor, o governador tucano que ele elegeu, Antônio Anastasia (PSDB).
Apesar dele ser o queridinho da grande mídia nacional. E que tem toda
razão o Sindicato dos Auditores Fiscais de Minas (SINDIFISCO-MG) quando
denuncia que ele quebrou o Estado em sua passagem pelo Palácio da
Liberdade.
Denuncia, aliás, publicada em
anúncios pagos nos jornais de outros Estados, já que Aécio, seus dois
governos e o do sucessor censuram a mídia mineira e impedem que o
sindicato publique essas denúncias nela. Até o processam por causa
delas.