O Ministério da Educação quer levar professores a
escolas onde faltam docentes em ação semelhante ao Mais Médicos, segundo
anunciou o ministro Aloizio Mercadante; a intenção é que, mediante o
pagamento de uma bolsa, professores se disponham a reforçar o quadro
dessas escolas
Mariana Tokarnia
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O Ministério da Educação (MEC) quer levar professores a
escolas onde faltam docentes em ação semelhante ao Mais Médicos. O Mais
Professores faz parte do Compromisso Nacional pelo Ensino Médio,
apresentado hoje (21) pelo ministro da Educação, Aloizio Mercadante, na
Câmara dos Deputados. A criação do programa já havia sido comentada
antes pelo ministro, mas é a primeira vez que é apresentado em detalhes.
Segundo Mercadante, o compromisso ainda está em fase de
desenvolvimento e depende do Orçamento disponível. Entre as ações do
programa, está a proposta de levar professores a escolas de municípios
com índices de desenvolvimento humano baixos ou muito baixos e que
tenham um baixo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) -
índice calculado a partir do fluxo escolar e o desempenhos dos
estudantes em avaliações nacionais.
A intenção é que, mediante o pagamento de uma bolsa, professores se
disponham a reforçar o quadro dessas escolas. Para as escolas com baixo
rendimento, a pasta quer atrair bons professores para melhorar o
ambiente acadêmico. Caso não haja professores disponíveis na rede, o MEC
cogita a participação de professores aposentados que queiram voltar às
salas de aula.
Segundo Mercadante, as áreas com as maiores carências de professores
são matemática, física, química e inglês. O ministro diz que as
disciplinas representam cerca de 3% das matrículas de ensino superior,
índice que tem se mantido constante. O Mais Professores, esclarece o
ministro, ainda é uma proposta em aberto.
Além de atrair professores para áreas carentes, o compromisso propõe o
aperfeiçoamento da formação continuada dos docentes, com o
desenvolvimento de material didático específico e a criação da
Universidade do Professor, uma rede que vai concentrar todas as
iniciativas voltadas para a formação docente. Pretende-se que em um
mesmo portal o professor possa acessar todos os cursos e programas
disponíveis.
O compromisso prevê também um redesenho curricular do ensino médio,
para que as disciplinas ensinadas tenham uma maior integração entre si.
Para que o ensino seja melhorado, a pasta aposta na educação integral.
Para 2013, segundo o ministro, está prevista a adesão de 5 mil escolas
no ensino de dois turnos. No ano que vem, serão 10 mil centros de
ensino.
Faz parte do compromisso a ação Quero ser Professor, Quero ser
Cientista, com a oferta de 100 mil bolsas de estudo para jovens que
queiram ingressar na área de exatas. Além disso, o ministério
desenvolveu, em conjunto com pesquisadores, um kit para estimular o interesse pelas ciências. "Vamos distribuir os kits de
ciências para alunos de toda a rede. Ele vai poder manipular, usar. É
inspirado em alguns brinquedos, mas mais sofisticado e barato", explicou
Mercadante.
Mercadante diz que o ensino médio é uma fase que precisa de atenção.
"Andamos muito nos anos iniciais [do ensino fundamental], melhoramos nos
anos finais e simplesmente atingimos a meta [do Ideb] no ensino médio. O
que é pouco. Ainda precisamos de um salto de qualidade", disse.
Em 2012, 8.376.852 alunos estavam matriculados regularmente e
1.345.864 cursavam o ensino médio pelo Educação de Jovens e Adultos
(EJA), de acordo com o Censo Escolar. A maioria das matrículas do ensino
médio está na rede estadual de ensino (84,9%). As escolas privadas
ficam com 12,7% das matrículas, as escolas federais com 1,5% e as
municipais com 0,9%.
A defasagem idade-série ainda é alta, segundo o MEC, em 2012, dos
estudantes matriculados no período, 31,1% têm idade acima do esperado
para a série que cursam.
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