Morreu,
hoje de madrugada, por volta das três horas, o ex-deputado federal
Maurílio Ferreira Lima, 76 anos, que estava internado em um hospital do
Recife há mais de 60 dias com problemas coronários.Segundo familiares, o
velório será no cemitério Morada da Paz, onde o corpo será cremado às
16 horas. Maurílio Figueira de Ferreira Lima nasceu em Limoeiro, no
Agreste, no dia 20 de setembro de 1940. Iniciou seus estudos superiores
na Faculdade de Direito de Recife, transferindo-se depois para o Rio de
Janeiro, onde se tornou bacharel em ciências jurídicas e sociais pela
Faculdade de Direito da Universidade do Brasil, atual Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Estreou na vida pública com 18 anos, sendo oficial-de-gabinete do
então prefeito do Recife, Miguel Arraes, permanecendo neste cargo até
1962. Neste ano, tornou-se assessor do ministro da Agricultura, Osvaldo
de Lima Filho. No pleito de novembro de 1966, candidatou-se a deputado
federal por Pernambuco, na legenda do Movimento Democrático Brasileiro
(MDB) — partido de oposição ao regime militar instaurado no país em
abril de 1964. Elegeu-se suplente de deputado federal, assumindo o
mandato em abril de 1968.
No mês de outubro desse ano denunciou, na tribuna da Câmara, um plano
que veio a ser conhecido como “caso Pára-Sar”. Tramado por oficiais da
Aeronáutica, consistia na utilização do pessoal de um corpo de
salvamento (o Pára-Sar) para realizar ações terroristas que seriam
imputadas a grupos armados de esquerda, abrindo maior espaço à repressão
a esses grupos. Além disso, segundo sua denúncia, o Pára-Sar teria se
preparado para, em situações de crise, invadir residências de líderes
radicais, raptá-los e jogá-los ao mar, a uma distância de 40 km da
costa. O plano não teria sido executado devido à negativa de alguns
oficiais em cumpri-lo e à ampla repercussão do caso.
Maurílio Ferreira Lima deixou a Câmara ainda em outubro de 1968. Com a
decretação do Ato Institucional nº 5 (AI-5) pelo presidente da
República, general Artur da Costa e Silva, em dezembro de 1968 e o
consequente fechamento do Congresso Nacional, teve os seus direitos
políticos cassados. Refugiou-se inicialmente no Uruguai, contando com o
auxílio do presidente deposto João Goulart; em seguida, exilou-se no
Chile e, por fim, na Argélia, juntamente com Miguel Arrais, que também
tivera seus direitos políticos cassados. Na Argélia, Ferreira Lima fixou
residência e passou a trabalhar como assessor econômico do Ministério
da Planificação.
Beneficiado com a anistia geral decretada pelo presidente da
República, general João Batista de Oliveira Figueiredo, em agosto de
1979, retornou ao Brasil no mês seguinte, demonstrando interesse em se
filiar ao MDB. Passou, no entanto, a colaborar com a corrente política
do ex-governador gaúcho Leonel Brizola, que pretendia reorganizar o
Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Tornou-se em seguida membro da
comissão executiva provisória do PTB em Pernambuco. Extinto o
bipartidarismo em 29 de novembro de 1979 e iniciada a reorganização
partidária, já em dezembro de 1979 ingressou no Partido do Movimento
Democrático Brasileiro (PMDB), alegando que o PTB dividia a oposição e
que não buscava a aliança com setores oposicionistas não partidários.
Em junho de 1980 teve autorizada a revisão de seus proventos de
aposentadoria pelo Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA). Nas eleições
de novembro de 1982, novamente candidatou-se à Câmara dos Deputados pelo
estado de Pernambuco, na legenda do PMDB, obtendo apenas a primeira
suplência. Em 1985, assumiu a vaga deixada na Câmara pelo seu
ex-correligionário Jarbas Vasconcelos que se elegeu para a prefeitura do
Recife, na legenda do Partido Socialista Brasileiro (PSB).
Em novembro de 1986, elegeu-se deputado federal constituinte por
Pernambuco, novamente pela legenda do PMDB. Em janeiro de 1987, foi
acusado de ter negociado o seu voto à presidência da Câmara para o
deputado Ulisses Guimarães em troca de uma viagem à Espanha. Para se
defender, Ferreira Lima distribuiu uma nota desqualificando o acusador —
o seu correligionário e deputado federal eleito por Pernambuco,
Fernando Lira —, chamando-o de leviano e mau-caráter. Em fevereiro de
1987, assumiu a sua cadeira e defendeu com veemência a soberania
absoluta da ANC nos trabalhos da elaboração constitucional.
Em janeiro de 1990, acusou o seu antigo aliado Miguel Arraes, então
governador de Pernambuco, de utilizar a administração estadual para
fazer campanha visando às eleições de deputado federal. Ainda em 1990,
ocupou a vice-liderança do PMDB. No pleito de outubro, reelegeu-se
deputado federal por Pernambuco, renovando o seu mandato em fevereiro de
1991.Transferindo-se para o PSDB, nas eleições de outubro de 1994
candidatou-se ao Senado por Pernambuco, na sua nova legenda, sendo
derrotado por Roberto Freire (PPS).
Em abril do ano seguinte, foi convidado pelo presidente da República,
Fernando Henrique Cardoso, para presidir a Radiobrás. Ocupando este
cargo, declarou-se favorável à obrigatoriedade de veiculação do programa
Voz do Brasil pelas emissoras de rádio brasileiras. Em 1996,
empenhou-se na campanha para aprovação da emenda constitucional
referente à reeleição para cargos executivos, tendo sido um dos
primeiros a defender a candidatura do presidente da República, Fernando
Henrique Cardoso, à reeleição
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