Carol Brito e Renata Bezerra de Melo na Folhape
Em meio ao racha instalado no PSB com o fechamento de questão sobre as reformas do Governo Temer, o presidente nacional da sigla, Carlos Siqueira, sai em defesa da preservação da identidade programática da legenda. Segundo o dirigente, foi preciso reagir para não deixar os ideais liberais e conservadores dominarem as decisões partidárias. Foi com este objetivo que ele promoveu, na última quinta-feira, a destituição de deputados, que divergiram da posição partidária, dos comandos estaduais da sigla. Siqueira defende que era preciso dar um exemplo para afastar a posição pessoal dos deputados da imagem da agremiação socialista.
“O que nós temos que lutar é para que nosso partido não se deforme ao ponto de cada um fazer o que quer. Agora, se um grupo de parlamentares vai para o enfrentamento, o enfrentamento está feito. Eu sou do grupo da conciliação. Agora, eu não sou milagreiro para conciliar ideias inconciliáveis. Se a pessoa tem formação liberal-conservadora e está em um partido socialista, eu não faço milagre de torná-lo socialista. Tem que saber se a pessoa se sente confortável aqui ou não”, afirmou Carlos Siqueira.
O dirigente afasta, categoricamente, qualquer ligação entre sua postura firme em relação às reformas e o processo de eleição interna do PSB, marcado para outubro. “Eu tenho me recusado, terminantemente, a falar sobre isso porque falta muito tempo e temos muito mais coisas a resolver do que ficar falando sobre quem vai ser o próximo presidente do PSB”, assevera o dirigente.
Em relação à possibilidade da ofensiva contra os infiéis gerar uma debandada de lideranças do PSB, Carlos Siqueira defende que o crescimento do partido depende da manutenção da sua identidade. Ele registra que não deseja que o partido sofra com a saída de quadros, mas que, se isso acontecer, a legenda não vai ficar parada. “Na última janela que se abriu, perdemos três deputados, mas nós substituímos esses três. Perdemos três, mas ganhamos três deputados. Nós não estamos cochilando. Estamos agindo dentro da necessidade que temos de preservar a identidade do partido, mas temos que agir de maneira discreta”, relata.
As lideranças que divergiram do fechamento de questão do PSB na votação da reforma trabalhista passam a se submeter a ações no Conselho de Ética do partido. Siqueira sublinha que o colegiado não está desfalcado após a saída do advogado Antônio Campos da sigla. Ele explica que a estrutura está em plena atividade e possui como membros o ex-ministro Alexandre Navarro, Acelino Ribeiro e Rafael Carneiro.
O dirigente relata que chegou a conversar com diversas lideranças antes de definir voto contra as reformas em reunião da Executiva Nacional do PSB, na semana passada. Segundo Siqueira, deputados chegaram a pedir que ele fechasse questão. E, isso, na visão de alguns, os protege da pressão do Executivo Federal.
Reforço
Ontem, setores do PSB divulgaram um documento pedindo para que a líder na Câmara, deputada Tereza Cristina (MS), deixe o cargo. O grupo pediu também a abertura de processo disciplinar administrativo contra 14 dos 30 deputados que descumpriram as decisões da Executiva Nacional.
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