Presidente do PSDB foi acusado de receber propina em Furnas por Delcídio Amaral
O Globo
O senador e presidente do PSDB, Aécio Neves (MG), prestou depoimento ontem à Polícia Federal, em Brasília. O parlamentar falou por pouco mais de uma hora sobre inquérito que apura a suspeita de desvios em Furnas. Aécio é suspeito de receber propina do ex-diretor da estatal Dimas Toledo. O esquema de corrupção na estatal do setor elétrico foi denunciado pelo senador cassado Delcidio do Amaral (sem partido-MS) em sua delação premiada. Em depoimento prestado em 12 de fevereiro, Delcídio afirmou que Aécio recebeu "sem dúvida" pagamentos ilícitos de Furnas, empresa estatal do setor elétrico que faz parte do sistema Eletrobrás. Segundo ele, Aécio possui vínculo “muito forte” com Dimas Toledo, ex-diretor de Engenharia de Furnas.
— O delegado agiu com absoluta correção, e o senador esclareceu todas as dúvidas de forma cabal — disse o advogado de Aécio ao site G1.
Dimas Toledo foi diretor de engenharia de Furnas, cargo que, segundo Delcídio, era "jóia da coroa" da Eletrobras, uma vez que era usada sistematicamente para repassar valores a partidos, como PSDB, PP e PT.
O depoimento estava previsto para a semana passada, mas foi remarcado por decisão do ministro do STf Gilmar Mendes, que atendeu a um pedido do senador que alegou que a PF lhe negou acesso a depoimentos já prestados pelas testemunhas. Gilmar determinou que a PF liberasse os depoimentos e adiou o depoimento.
Como diz respeito a Furnas, e não à Petrobras, o caso não foi para o então relator da Lava-Jato, Teori Zavascki, mas foi sorteado entre os demais ministros do STF. Acabou indo para o gabinete de Gilmar Mendes. A delação de Delcídio gerou outro inquérito contra Aécio, também com Gilmar, para investigar se ele tentou maquiar dados do Banco Rural em uma CPI no Congresso.
A delação de executivos da Odebrecht levou à instauração de mais cinco inquéritos sobre o tucano. Todos estão com o ministro Edson Fachin, atual relator da Lava-Jato. Um deles trata de irregularidades na construção de hidrelétricas no Rio Madeira, que tiveram participação da Cemig, estatal do setor elétrico pertencente ao Estado de Minas. Nesse caso, a defesa já disse que não há relação com a Lava-Jato e pediu que o inquérito seja encaminhado a Gilmar. O senador nega todas as acusações.
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