Publicado no bliog conversa afiada
“Não peça a um conservador tomar atitudes avançadas”.
O Conversa Afiada reproduz colaboração de conterrâneo e contemporâneo do Dr Moro, aquele que o Paulo Moreira Leite descreveu de forma irretocável:
Paulo, os pais do Juiz Moro são o Professor de Geografia Dalton Aureo Moro (já falecido) e a Professora de Língua Portuguesa Odete Starke Moro.
Os dois deram aulas para mim no antigo ginásio (hoje ensino fundamental). Eles eram Professores da Rede Pública Estadual e eu estudava no Colégio Estadual Gastão Vidigal (sim, a família Vidigal daí de São Paulo comprou a Paraná Plantation – empresa inglesa que fez a colonização de Londrina, Maringá e região, e essa empresa virou a Companhia Melhoramentos do Norte do Paraná – logo o nome do Colégio “Gastão Vidigal”).
O Professor Dalton era o que poderíamos chamar de geógrafo positivista. Para ele geografia era saber o nome de rios, planaltos e planícies, países e suas capitais. Nem sei se ele teve contato com a obra do Milton Santos, ou com a geografia humana discutida por outro autor.
O Professor Dalton foi convidado (sim, na época não havia concurso público) para trabalhar no curso de geografia da Universidade Estadual de Maringá. Quando ele faleceu fizeram um texto em sua homenagem. Leia aqui !
A Professora Odete era (é, creio que ainda está viva) uma mulher muito educada, fina, e excelente Professora.
Se fosse conceituar politicamente os dois (Dalton e Odete) diria que eles seriam classe média alta (sim, naqueles tempos professores ainda ganhavam bem), com um cunho político conservador.
Isso pode ser comprovado por um texto que o Eduardo Guimarães publicou, no qual relata seu encontro com uma família aqui de Maringá. Os filhos levaram o pai para conhecer o Edu, pois eram fãs do mesmo. Um dos filhos era dono de uma locadora de vídeos, e escreveu o Edu: “Com tristeza no semblante, ele relata episódio envolvendo um dos seus clientes mais frequentes e queridos à época: Dalton Moro, já falecido, pai do juiz Sergio Moro, que conduz as investigações da Operação Lava Jato. Eis o que houve: em 2002, esse senhor foi à locadora do Moisés [um dos filhos que foram levar o Pai a São Paulo para conhecer o Edu] e lhe perguntou se era verdade que ele iria votar em Lula, ao que obteve a imediata confirmação. Naquele momento, ele pagou o que devia ao estabelecimento e disse ao estupefato Moisés que por conta de sua opção política dele nunca mais entraria em sua loja”.
Outro fato que chama a atenção foi quando o Juiz Moro pediu para a Universidade Federal do Paraná – onde tem carga horária de 20 horas/aula, e tem que ministrar 8 horas em sala de aula – que o liberasse das aulas para serem repostas posteriormente. Esse fato aconteceu em 2012, quando o Moro foi solicitado para ser Assessor de Gabinete no STF (Ministra Rosa Weber). Em um primeiro momento ele conseguiu trocar aulas com outros Professores: “inicialmente, o juiz fora requisitado para trabalhar no STF durante o primeiro semestre de 2012. Conseguiu trocar, informalmente, os horários com outros professores da faculdade, e se comprometeu a repor as aulas não dadas em sábados no segundo semestre”.
Mas, como seus serviços foram requisitados por mais um semestre, ele entrou com um pedido para que a Faculdade de Direito da UFPR o liberasse por mais seis meses. Daí ocorreu um imbróglio, pois a Faculdade não concedeu o pedido, o Juiz Moro recorreu nos órgãos internos da UFPR, perdeu. Posteriormente, entrou com uma ação na Justiça Federal de Curitiba, perdeu, daí recorreu ao TRF (Quarta região, em Porto Alegre), perdendo também. Não consegui saber como ele resolveu essa questão, pois segundo se noticiou ele acabou auxiliando a Ministra Rosa Weber na Ação Penal 470 (vulgo mensalão), só não sei se no primeiro ou segundo semestre de 2012. A matéria do CONJUR esmiuça, com detalhes, o que relatei aqui.
Também essa matéria esclarece um pouco sobre o Juiz Moro:
“Doutor em Direito e professor da UFPR, estudou em Harvard e participou de programa do Departamento de Estado norte-americano com visitas a agências que combatem a lavagem de dinheiro.
- Moro é precursor na utilização da colaboração premiada e nos pedidos de colaboração jurídica com o Exterior. Muito do que ele usou serviu de laboratório para a nova legislação no país, destaca a juíza federal Salise Monteiro Sanchotene, colega do paranaense nas discussões da Estratégia Nacional de Combate à Corrupção, e à Lavagem de Dinheiro”. (No jornal Zero Hora)
Porém, todo esse verniz que cerca o Juiz Moro fica arranhado quando se descobriu que sua esposa trabalhou (não sei se ainda trabalha) para o ex-vice Governador do Paraná, o tucano Flávio Arns. Isso foi divulgado em diversos sites da internet, como “O Cafezinho”, e “Pragmatismo Político”.
Paulo, aprendi algumas coisas na vida:
- Ninguém dá o que não tem (não peça para um conservador tomar atitudes avançadas);
- A formação de alguém, desde os mais tenros anos, influencia pelo resto de nossas vidas.
Era isso, meu caro.
Espero que tenha valido a pena ler esse relato tão longo.
Abraços
Paulo, os pais do Juiz Moro são o Professor de Geografia Dalton Aureo Moro (já falecido) e a Professora de Língua Portuguesa Odete Starke Moro.
Os dois deram aulas para mim no antigo ginásio (hoje ensino fundamental). Eles eram Professores da Rede Pública Estadual e eu estudava no Colégio Estadual Gastão Vidigal (sim, a família Vidigal daí de São Paulo comprou a Paraná Plantation – empresa inglesa que fez a colonização de Londrina, Maringá e região, e essa empresa virou a Companhia Melhoramentos do Norte do Paraná – logo o nome do Colégio “Gastão Vidigal”).
O Professor Dalton era o que poderíamos chamar de geógrafo positivista. Para ele geografia era saber o nome de rios, planaltos e planícies, países e suas capitais. Nem sei se ele teve contato com a obra do Milton Santos, ou com a geografia humana discutida por outro autor.
O Professor Dalton foi convidado (sim, na época não havia concurso público) para trabalhar no curso de geografia da Universidade Estadual de Maringá. Quando ele faleceu fizeram um texto em sua homenagem. Leia aqui !
A Professora Odete era (é, creio que ainda está viva) uma mulher muito educada, fina, e excelente Professora.
Se fosse conceituar politicamente os dois (Dalton e Odete) diria que eles seriam classe média alta (sim, naqueles tempos professores ainda ganhavam bem), com um cunho político conservador.
Isso pode ser comprovado por um texto que o Eduardo Guimarães publicou, no qual relata seu encontro com uma família aqui de Maringá. Os filhos levaram o pai para conhecer o Edu, pois eram fãs do mesmo. Um dos filhos era dono de uma locadora de vídeos, e escreveu o Edu: “Com tristeza no semblante, ele relata episódio envolvendo um dos seus clientes mais frequentes e queridos à época: Dalton Moro, já falecido, pai do juiz Sergio Moro, que conduz as investigações da Operação Lava Jato. Eis o que houve: em 2002, esse senhor foi à locadora do Moisés [um dos filhos que foram levar o Pai a São Paulo para conhecer o Edu] e lhe perguntou se era verdade que ele iria votar em Lula, ao que obteve a imediata confirmação. Naquele momento, ele pagou o que devia ao estabelecimento e disse ao estupefato Moisés que por conta de sua opção política dele nunca mais entraria em sua loja”.
Outro fato que chama a atenção foi quando o Juiz Moro pediu para a Universidade Federal do Paraná – onde tem carga horária de 20 horas/aula, e tem que ministrar 8 horas em sala de aula – que o liberasse das aulas para serem repostas posteriormente. Esse fato aconteceu em 2012, quando o Moro foi solicitado para ser Assessor de Gabinete no STF (Ministra Rosa Weber). Em um primeiro momento ele conseguiu trocar aulas com outros Professores: “inicialmente, o juiz fora requisitado para trabalhar no STF durante o primeiro semestre de 2012. Conseguiu trocar, informalmente, os horários com outros professores da faculdade, e se comprometeu a repor as aulas não dadas em sábados no segundo semestre”.
Mas, como seus serviços foram requisitados por mais um semestre, ele entrou com um pedido para que a Faculdade de Direito da UFPR o liberasse por mais seis meses. Daí ocorreu um imbróglio, pois a Faculdade não concedeu o pedido, o Juiz Moro recorreu nos órgãos internos da UFPR, perdeu. Posteriormente, entrou com uma ação na Justiça Federal de Curitiba, perdeu, daí recorreu ao TRF (Quarta região, em Porto Alegre), perdendo também. Não consegui saber como ele resolveu essa questão, pois segundo se noticiou ele acabou auxiliando a Ministra Rosa Weber na Ação Penal 470 (vulgo mensalão), só não sei se no primeiro ou segundo semestre de 2012. A matéria do CONJUR esmiuça, com detalhes, o que relatei aqui.
Também essa matéria esclarece um pouco sobre o Juiz Moro:
“Doutor em Direito e professor da UFPR, estudou em Harvard e participou de programa do Departamento de Estado norte-americano com visitas a agências que combatem a lavagem de dinheiro.
- Moro é precursor na utilização da colaboração premiada e nos pedidos de colaboração jurídica com o Exterior. Muito do que ele usou serviu de laboratório para a nova legislação no país, destaca a juíza federal Salise Monteiro Sanchotene, colega do paranaense nas discussões da Estratégia Nacional de Combate à Corrupção, e à Lavagem de Dinheiro”. (No jornal Zero Hora)
Porém, todo esse verniz que cerca o Juiz Moro fica arranhado quando se descobriu que sua esposa trabalhou (não sei se ainda trabalha) para o ex-vice Governador do Paraná, o tucano Flávio Arns. Isso foi divulgado em diversos sites da internet, como “O Cafezinho”, e “Pragmatismo Político”.
Paulo, aprendi algumas coisas na vida:
- Ninguém dá o que não tem (não peça para um conservador tomar atitudes avançadas);
- A formação de alguém, desde os mais tenros anos, influencia pelo resto de nossas vidas.
Era isso, meu caro.
Espero que tenha valido a pena ler esse relato tão longo.
Abraços
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