Minas 247 - Segundo fontes da Copasa, mesmo sabendo
que o Sistema Paraopeba, que abastece de água a Região Metropolitana de
Belo Horizonte, estava em queda contínua desde o início do ano e operava
abaixo de 50%, a gestão tucana em Minas Gerais não adotou qualquer
medida de contingenciamento ou emergência para evitar que a situação se
tornasse crítica.
Em reportagem publicada no início de agosto, em plena campanha
eleitoral, pelo jornal Estado de Minas, o então presidente da companhia,
Ricardo Simões, tranquilizava a população e dizia que os níveis dos
reservatórios estavam dentro da normalidade.
Segundo o jornal, ele afirmou na ocasião que não haveria problema de
racionamento na região "mesmo com estiagem severa" a partir de outubro.
Em 21 de outubro, Simões voltou a negar a possibilidade, em entrevista
coletiva. "Não temos risco de desabastecimento. Estamos com
abastecimento da região metropolitana sob controle total, o
abastecimento se dando de forma normal", defendeu.
Ainda no ano passado, técnicos da empresa já davam como real o risco
de "colapso do sistema" a partir de julho deste ano se nenhuma medida
fosse tomada e o regime de chuvas permanecesse o mesmo. A situação já
seria crítica pelo menos desde agosto de 2014.
Quando Simões deu a primeira declaração, em agosto, o nível do
Sistema Paraopeba estava em 50,51%. Na segunda declaração, já havia
baixado para 39,7%. Em dezembro, o nível já havia caído para menos de
33,46%.
Embora negasse a dimensão da crise e o risco de desabastecimento, a
gestão anterior, segundo técnicos da empresa, já operava com as chamadas
"manobras de rede", o famoso rodízio, em que se alternam os dias de
fornecimento de água para as cidades e bairros a fim de garantir o
abastecimento.
As "manobras de rede", no entanto, não seriam publicamente admitidas.
A dúvida já havia sido levantada em reportagem do jornal O Tempo,
publicada em outubro, em que leitores reclamavam da falta de água: "Para
minha surpresa, [ao ligar para a Copasa] a atendente disse que os
reservatórios estavam vazios e, por isso, a empresa optou por fazer um
rodízio na distribuição entre várias regiões".
Ao comentar o assunto, em entrevista coletiva concedida em outubro, o
antigo presidente da empresa atribuiu a questão a "situações pontuais"
na rede. "Nós temos ai quilômetros de rede, que trabalham pressurizadas
24 horas por dia, portanto, estão sujeitos a rompimento", disse.
Nenhum comentário:
Postar um comentário