247 - O
ato estava programado para deflagrar os preparativos do 5º. Congresso do
PT, em junho, mas acabou sendo uma reação do partido às investidas da
oposição contra a presidente Dilma Rousseff – alvo de pregações de
impeachment e cassação de diploma – e da responsabilização do PT pela
corrupção na Petrobrás. Entre 500 e 600 pessoas lotaram o auditório da
LBV, na noite de quarta-feira em Brasília, com o espírito guerreiro de
outros tempos, interrompendo os oradores com aplausos e palavras de
ordem. Quase todos saíram com um adesivo para colocar no carro: “Dilma,
mexeu com ela, mexeu comigo”. Mas foi Lula que incendiou a militância
com um discurso enérgico contra o que chamou de “criminalização do
partido”.
Afirmando que “se hoje
existe investigação, foi porque o PT criou os instrumentos para combater
a corrupção neste país”, Lula exortou os militantes a repetirem aos
quatro ventos tudo o que foi feito nos governos petistas neste sentido:
“A delação premiada é um instrumento criado por nós. A lei foi
aperfeiçoada por iniciativa nossa em 2003. O portal da transparência
fomos nós que criamos. A Lei do Acesso à Informação fomos nós que
aprovamos e implantamos. A Controladoria Geral da República fomos nós
que criamos e a ela demos autonomia. O Ministério Público nunca teve
tanta autonomia. Nenhum procurador-geral em nossos governos foi chamado
de engavetador. A Polícia Federal nunca teve tanto pessoal contratado e
tanto equipamento e tantas condições para investigar. A gente reclama
das investigações? Não. Nós reclamamos é do esforço para criminalizar o
PT, para nos desmoralizar e destruir”.
O ex-presidente lembrou
alguns “crimes do PT”: “Ah, o PT cometeu o crime de criar politicas que
permitiram o reconhecimento internacional de que a fome neste pais
acabou. O PT cometeu também o crime imperdoável de ter promovido a maior
transferência de renda de todos os tempos através dos aumentos do
salário-mínimo. E também cometeu o crime horrível de abrir as portas das
universidades para os que nunca sonharam chegar lá”. E por aí foi, com
sua longa lista de “crimes”, antes de concluir. “Mas o crime realmente
imperdoável foi o fato de a Dilma ter sido reeleita. Nós somos o
partido que por mais tempo terá governado este pais. Quando a Dilma
concluir seu mandato, terão sido 16 anos no governo. Mas preparem-se
porque a batalha será dura. O momento vai exigir de nós muita força. Por
isso temos que dar logo uma demonstração de força e disposição de luta
com uma grande festa na posse dela”.
E quando vieram, mais uma
vez, os gritos de “Volta Lula”, ele cortou: “Ninguém tem que pensar em
2018. Tem que pensar em primeiro de janeiro de 2015, na posse da
presidenta Dilma e na resposta que temos que dar ao país. Ela precisa
governar. Vamos repetir aquele refrão: Deixem a mulher trabalhar.”
Ao longo da caminhada nem
tudo foram acertos, reconheceu. Mas agora é hora de “reencontrar o
sonho e a utopia”, buscar a renovação, a juventude, a energia que
impulsionou a campanha no segundo turno, reagindo aos ataques e
realizando um Congresso aberto ao debate. Retomando o tema da corrupção,
protestou: “Eu não sou melhor do que ninguém mas digo com toda
segurança. Nenhum deles é mais honesto do que eu. E no PT, quem não
tiver compromisso ético, quem não fizer as coisas direito, tem que
deixar o partido imediatamente.”
Antes dele falaram o
deputado Geraldo Magela, que organizou o evento, o governador Jaques
Wagner e o presidente do partido, Rui Falcão. Todos conclamando a
militância a resistir “a toda forma de golpismo”.
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