Por Nidal al-Mughrabi e Jeffrey Heller
GAZA/JERUSALÉM (Reuters) - Uma cessar-fogo na Faixa
de Gaza foi violado poucas horas depois de ter entrado em vigor nesta
sexta-feira, com pelo menos 50 palestinos mortos por ataques de
artilharia israelenses, segundo o Ministério da Saúde local. Israel
acusou militantes de violarem a trégua mediada pelos Estados Unidos e
pela ONU ao dispararem foguetes e projéteis de morteiros contra o seu
território.
"Mais de 50 foram mortos e 222, feridos em Rafah", disse um diretor do ministério em Gaza, Medhat Abbas.
Segundo um porta-voz das Forças Armadas de Israel, dois soldados
foram mortos e um aparentemente foi capturado por militantes palestinos
durante o confronto em Rafah, no sul da Faixa de Gaza nesta sexta-feira.
"Forças (israelenses) em operação para desativar um túnel foram
atacadas. As indicações iniciais são de que um soldado foi sequestrado
por terroristas durante a operação", disse o tenente-coronel Peter
Lerner em uma teleconferência com jornalistas.
A trégua, que deveria durar 72 horas, anunciada pelo secretário de
Estado dos EUA, John Kerry, e pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon,
foi a tentativa mais ambiciosa até agora de encerrar mais de três
semanas de combate, e se seguiu a uma crescente pressão internacional
por causa do grande número de palestinos mortos.
Depois do cessar-fogo estavam previstas negociações entre
negociadores israelenses e palestinos no Cairo para uma solução de longo
prazo.
Autoridades egípcias disseram que o convite ainda está de pé, mas
alguns representantes palestinos pediram adiamento até sábado ou domingo
para permitir um acordo sobre uma nova trégua.
Os militares israelenses disseram que, passados 90 minutos da entrada
da trégua em vigor - enquanto famílias palestinas que fugiram de
bairros transformados em campos de batalha começavam a caminhar para
casa -, militantes atacaram soldados que rastreavam a região em busca de
túneis no sul da Faixa de Gaza.
"De um ponto de acesso do túnel ou vários pontos, terroristas saíram
da terra. Pelo menos um era um terrorista suicida, que se explodiu.
Houve uma troca de tiros", disse o tenente-coronel Peter Lerner,
porta-voz militar. Dois soldados israelenses foram mortos.
"A indicação inicial sugere que um soldado foi sequestrado por
terroristas durante o incidente", declarou ele em uma entrevista por
telefone com jornalistas.
Ao lhe perguntarem se o cessar-fogo acabou, Lerner respondeu: "Sim,
nós estamos continuando nossas atividades no terreno.". Ele disse que as
forças israelenses estavam montando um "amplo esforço" para localizar o
soldado".
OFENSIVA
Israel lançou sua ofensiva em Gaza, enclave dominado pelo Hamas, em 8
de julho, realizando bombardeios em resposta a um surto de ataques
contra seu território. Tanques e infantaria invadiram o enclave
palestino, de 1,8 milhão de pessoas, em 17 de julho.
Autoridades de Gaza dizem que pelo menos 1.509 palestinos, a maioria
civis, foram mortos e 7 mil ficaram feridos. Do lado de Israel, 63
soldados perderam a vida e mais de 400 se feriram. Três civis morreram
devido a foguetes disparados por palestinos contra Israel.
Algumas horas após a trégua ter entrado em efeito, tanques e
artilharia israelense abriram fogo no sul da área de Rafah, e um
hospital local disse que 40 pessoas foram mortas - número que se elevou
para 50, segundo o Ministério da Saúde.
Oito foguetes e projéteis de morteiros foram disparados de Gaza para
Israel, segundo os militares, acrescentando que um foi interceptado por
seu sistema antimisseis e sete caíram em áreas abertas.
Após o cessar-fogo ter começo nesta sexta-feira, as ruas de Gaza
começaram a se encher de famílias palestinas. Com seus pertences, elas
voltavam para as casas que deixaram durante os intensos combates que
destruíram ou danificaram milhares de prédios.
"Estamos voltando para Beit Lahiya (norte da Faixa de Gaza)", disse
Asharaf Zayed, de 38 anos e que tem quatro filhos. "Esperamos que a
trégua seja permanente e não tenhamos que voltar para um abrigo da ONU."
Em meio a um forte apoio em Israel para a campanha em Gaza, Netanyahu
enfrentou intensa pressão internacional para conter suas forças
militares.
O clamor internacional para o fim na violência se intensificou após o
ataque de artilharia, na quarta-feira, que matou 15 pessoas abrigadas
em uma escola da ONU no campo de refugiados de Jabalya, em Gaza.
(Reportagem adicional de Ari Rabinovitch, David Brunnstrom em Nova
Déli; Lesley Wroughton em Washington; Michelle Nichols nas Nações
Unidas; e Omar Fahmy no Cairo)
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