As “balas de prata” de 2006 e 2010” – denúncias de corrupção contra o governo federal – tendem a sumir em 2014, sendo substituídas pelo terrorismo econômico
Em um momento em que o mercado financeiro, a oposição ao governo
Dilma Rousseff e a mídia espalham pessimismo com divulgação incessante
de prognósticos catastróficos sobre a economia brasileira, a prova maior
do exagero desse discurso essencialmente político-eleitoral reside no
que, em investimento, é chamado de “classificação de crédito” (rating).
Essa classificação, levada ao pé da letra pelo mercado financeiro
internacional, é feita por meio de notas representadas por letras e
sinais aritméticos a partir de avaliações concedidas pelas três
principais agências de classificação de risco. Quais sejam, a Fitch
Ratings, a Moody’s e a Standard & Poor’s.
Entre 2008 e 2009, o Brasil obteve a pontuação BBB no “rating” das
três agências – a Fitch Ratings usa a nota Baa2, que corresponde à nota
BBB das outras duas agências. Em março de 2014, a Standard & Poor’s
reduziu a nota do Brasil para BBB – e as outras agências mantiveram a
nota BBB.
Contudo, tanto a nota BBB quanto a nota BBB – concedem ao país o que é
chamado “grau de investimento”. As notas em azul no gráfico acima
indicam aos investidores internacionais que aquele país apresenta boas
condições de honrar suas dívidas.
As três agências fizeram revisões recentíssimas da nota de risco do
Brasil e em nenhuma dessas avaliações foi entendido por elas que exista
qualquer tipo de risco de a economia brasileira naufragar.
Para que se tenha uma ideia, a nota brasileira em ao menos duas das
três agências equivale às notas de países como Itália ou Espanha. Já um
país como a Argentina, que enfrenta graves problemas com sua dívida
externa, teve recentemente sua nota rebaixada pela agência Standard
& Poors para CCC – (vulnerável e dependente de condições favoráveis
de mercado para pagar a dívida).
Contudo, enquanto a S&P rebaixava a nota do Brasil para BBB – em
março último – divergindo das outras duas grandes agências, que nos
mantiveram em BBB –, a agência de classificação de risco chinesa Dagong
subia em três posições a nota de nossa economia.
O Brasil mantém, oficialmente, contrato para classificação de seu
crédito com as agências Standard & Poor´s (S&P), Fitch Ratings
(Fitch) e Moody´s Investor Service. Contudo, outras agências
internacionais monitoram o risco econômico do país: Dominion Bond Rating
Service(Canadá), Japan Credit Rating Agency (Japão), Rating and
Investment Information (Japão), NICE Investors Service (Coréia do Sul) e
a chinesa Dagong Global Credit Rating.
Seja qual for a agência de classificação de risco internacional,
porém, o consenso é um só: a economia brasileira não sofre nenhum tipo
de ameaça relevante. A S&P rebaixou um único nível a nossa nota e
não foi acompanhada por nenhuma outra agência relevante. E, apesar da
redução da nota, manteve-nos em “grau de investimento”.
É nesse ponto que o leitor discordante – ou tendente a discordar –
dirá que essas instituições que avaliam as condições econômicas dos
países erraram ao mensurar o risco de empresas americanas, sobretudo o
banco Lehman Brothers, que deu início ao derretimento da economia
americana e mundial em 2008.
Este Blog não faria restrições a esse argumento se essas agências de
classificação de risco não fossem parte da ideologia do setor do
“mercado” que faz propaganda eleitoral negativa contra Dilma Rousseff e
que alardeia desastres econômicos próximos no Brasil. Para empresas como
o Santander ou como certa consultoria Tabajara que espalha pânico para
beneficiar Aécio Neves, essas agências têm que ser levadas muito a
sério.
Aliás, mesmo quem não confia muito nelas tem que lhes dar crédito por
conta de seu poder de determinar que nível de custo financeiro (taxa de
juros) um país paga no mercado financeiro internacional. Ou seja:
acreditando ou não nessas agências, todo o sistema financeiro mundial
acredita, apesar dos erros de 2008.
Quanto aos erros das agências, vale comentar que elas se defendem
dizendo que as instituições financeiras que avaliaram bem – como o
próprio Lehman Brothers – ocultavam fatos, fraudando os analistas e até o
Estado.
Segundo as três grandes agências de classificação de risco soberano
dos países, portanto, o Brasil é um dos lugares mais seguros do mundo
para investir. Ao contrário do mercado financeiro e empresarial
brasileiro, essas agências julgam que o favoritismo de que ainda
desfruta a presidente Dilma em sua própria sucessão é um fator positivo
para a economia.
O fato é um só: toda a campanha oposicionista na eleição presidencial
de 2014 está se sustentando não mais em “corrupção”, como em anos
anteriores, mas na situação econômica do país. As “balas de prata” de
2006 e 2010” – denúncias de corrupção contra o governo federal – tendem a
sumir em 2014, sendo substituídas pelo terrorismo econômico.
Por que? Porque a direita midiática já entendeu que “É a economia,
estúpido!”. Contudo, há muito o que dizer na campanha que se avizinha.
Ao refrescar a memória dos brasileiros e ao mostrar fatos como o que
este post menciona, o discurso catastrofista, na melhor das hipóteses,
não ganhará credibilidade suficiente para eleger Aécio Neves.
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