247 – Já se fala em um suspeito de ter filmado
José Dirceu em sua cela, na penitenciária da Papuda, em Brasília,
durante visita da comitiva formada por integrantes da Comissão de
Direitos Humanos e Minorias da Câmara. Trata-se de William Pereira dos
Passos, assistente técnico da liderança do PPS, que, como observa o
deputado Nilmário Miranda (PT-MG), membro do grupo, é o único que não
aparece no vídeo. "Todos os demais aparecem".
Conforme relato do deputado, como a Vara de Execuções Penais não
permitiu que fossem feitos vídeos, "todos os assessores ficaram
aguardando do lado de fora, não tiveram acesso à cela em que Dirceu
estava. Exceto um, que não ficou e acompanhou". Trata-se de William.
Além disso, seu nome, de acordo com Miranda, "não estava relacionado
para fazer a visita". As declarações estão na reportagem do blogueiro
Renato Rovai (leia abaixo).
A filmagem é um crime que fere a dignidade do preso, uma vez que ele
tem direito à proteção de sua imagem. Por isso, os advogados de Dirceu processaram a Veja,
que divulgou na capa uma foto de Dirceu dentro da Papuda, e processará o
portal Uol e o jornal Folha de S. Paulo, que divulgaram o vídeo minutos
depois do término da visita.
Assessor do PPS é suspeito de ter feito vídeo de Zé Dirceu na Papuda
Por Renato Rovai, do Blog do Rovai
Bastaram alguns minutos após o término da visita da comitiva formada
por integrantes da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) ao
presídio da Papuda para que a Folha de S. Paulo publicasse em seu site
um vídeo com imagens de José Dirceu. O grupo não tinha, no entanto, a
autorização judicial para fazer as imagens. Ou seja, a produção das
imagens constitui-se um crime.
"A juíza da Vara de Execuções Penais, Débora Valle de Britto, não
permitiu que fossem feitos vídeos. Por conta disso, todos os assessores
ficaram aguardando do lado de fora, não tiveram acesso à cela em que
Dirceu estava. Exceto um, que não ficou e acompanhou. É o mesmo que não
estava relacionado para fazer a visita", relata o deputado Nilmário
Miranda (PT-MG), membro da comitiva. Ele se refere a William Pereira Dos
Passos, assistente técnico da liderança do PPS. "Era a única pessoa que
estava lá – não deveria estar – e que não aparece no vídeo. Todos os
demais aparecem", acrescenta Nilmário.
Questionado sobre o caso, William inicialmente limitou-se a dizer que
não sabia do que se tratava. Em uma segunda ligação, confirmou que
esteve na comitiva na companhia do deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA), mas
recusou-se a responder se esteve ou não dentro da cela onde Dirceu foi
filmado. "Eu sou só o assessor, quem responde pela comitiva é o
deputado", disse William, que negou ter feito o vídeo – "pergunte ao
repórter da Folha".
"Nós repudiamos a gravação clandestina, a CDHM é uma instituição
séria que não pode ser maculada por uma pessoa que se propõe a fazer
isso", acrescenta Nilmário. Além dos deputados de PT e PPS, estiveram
presentes na comitiva Luiza Erundina (PSB-SP), Jean Wyllys (PSol-RJ) e
Mara Gabrilli (PSDB-SP) – esta última não é integrante da comissão, mas
pediu para integrar a comitiva com o objetivo de verificar as condições
de acessibilidade do presídio.
Na saída, contudo, Gabrilli deu entrevista aos meios de comunicação
que esperavam na porta. "A cela dele é iluminada, ampla, o tipo de
material do beliche é diferente, tem televisão, tem micro-ondas",
relatou a deputada, sobre a cela de José Dirceu. A declaração causou
estranheza a Jean Willis, que disse à blogueira Cynara Menezes, do
Socialista Morena: "Na minha opinião, infelizmente a Mara e o Jordy
resolveram partidarizar a questão. A Mara foi enfática ao dizer aos
jornalistas que a cela de Dirceu é 'ampla e iluminada', sendo que nem
pôde entrar no local, porque a cadeira de rodas não permitia a
passagem". E ainda: "Respeito muito a Mara, mas ela não visitou a cela.
Acho estranho afirmar categoricamente uma coisa sem ter entrado. Ficou
na porta."
No final da tarde desta quarta-feira (30), a Comissão de Direitos
Humanos e Minorias da Câmara oficiou a juíza Débora Valle de Brito.
"Repudiamos a gravação clandestina, feita à revelia da orientação da
CDHM, ardil que, além de violar a ordem dessa VEP [Vara de Execuções
Penais], violou a intimidade do um preso", diz o documento.
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