Não houve qualquer pagamento para o Labogen do doleiro Youssef na gestão Padilha. Nem no governo Lula, nem no governo Dilma. Foi só no governo FHC. Esses são os fatos
Que importa o fato de não ter havido convênio ou contrato entre o
ministério da Saúde e o laboratório Labogen – a não ser em tempos mais
remotos, lá nos idos do segundo mandato de FHC, quando o ministro era
José Serra, pré-candidato oficial à presidência?
Não houve qualquer pagamento para o Labogen do doleiro Youssef na gestão Padilha. Nem no governo Lula, nem no governo Dilma.
Foi só no governo FHC. Esses são os fatos.
Mas ouvindo os telejornais, ou lendo os jornalões impressos, a
mensagem captável é bem diferente. A mídia quer fazer crer que o PT
teria escancarado o governo à influência do doleiro. E os fatos,
importam?
O ex-ministro foi citado em conversa de terceiros? É um indício, algo
que merece ser investigado, para verificar se houve, ou não, alguma
ilicitude nos procedimentos do ministério. Mas a conversa entre
terceiros não é apresentada como indício. É tratada como prova
irrefutável, destruidora da candidatura ao governo de São Paulo. A
reputação do ex-ministro é arremessada às favas de forma implacável,
como fosse sacola de entulho.
Todos os dias a onipotente máquina midiática, do alto de sua soberba
indignação seletiva, inquieta com tantos anos de governo petista, jorra
manchetes acusatórias orquestradas, em plena jornada eleitoreira.
Manchetes que, por sinal, depois poderão ser usadas como material de
campanha eleitoral.
O fundamento da acusação é a mera suposição, de alguém dentro da
Polícia Federal, de que um funcionário do laboratório teria sido
indicado pelo ex-ministro Padilha, pré-candidato ao governo de São
Paulo. A partir da suposição, foi dada largada à guerra suja em alta
escala na pré-campanha eleitoral paulista.
"Se, como diz a PF, envolvidos se preocupavam com autoridades
fiscalizadoras, só poderiam se referir aos mecanismos de controle
criados por mim no Ministério da Saúde. A prova maior disso é que nunca
existiu contrato com a Labogen e nunca houve desembolso por parte do
Ministério da Saúde", disse Alexandre Padilha em postagem nas redes
sociais.
No blog Tijolaço, o jornalista Fernando Brito lança holofotes
relevantes para a compreensão dos fatos. "Esta história não fecha", diz
Brito. Acontece que o executivo que o ex-ministro Padilha teria
indicado, segundo os jornais publicam irresponsavelmente, ocupou apenas
um cargo de quinto escalão no Ministério da Saúde, e por pouquíssimo
tempo.
Marcus Cesar Moura foi nomeado assessor de eventos (salário de R$ 4
mil) em 17 de maio de 2011, e exonerado em 1º de agosto também de 2011.
Ficou no inexpressivo cargo por dois meses e meio, nem esquentou a
cadeira.
Por que os jornais não contam esta história como ela é? Será que não
sabem? Ou será, por acaso, que se julgam imbuídos do dever
cívico-partidário, do poder quase divino de caluniar petistas até o
último suspiro de resistência? Por que os imparciais jornais tampouco
contam que a data da suposta indicação, segundo o documento vazado
através da PF, foi 28 de novembro de 2013, mais de dois anos depois da
exoneração?
Quando Lula disse à Folha, na Espanha, ao receber seu 27º diploma
universitário de doutor honoris causa, que não comentaria a momentosa
denúncia midiática por estar fora do país, que diferença faz o jornalão
modificar um pouquinho o teor do que diz o ex-presidente? Colocar um
"estou por fora" na sua boca, ao invés do "estou fora" efetivamente
declarado? Afinal, uma reles preposição "por", a mais ou a menos, quem
se importa?
(publicado originalmente no blog 247)
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