BRASÍLIA, 28 Mar (Reuters) - Com o bom resultado
dos governos regionais, o setor público brasileiro surpreendeu e
registrou superávit primário de 2,130 bilhões de reais em fevereiro,
muito melhor do que o esperado.
Com o desempenho, no mês passado, a economia para pagamento de juros
da dívida ficou em 1,76 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) em 12
meses, aproximando-se da meta ajustada para o ano, de 1,9 por cento,
informou o Banco Central nesta sexta-feira.
Analistas consultados pela Reuters mostrava que as expectativas eram de saldo primário negativo de 500 milhões de reais.
Em fevereiro, os Estados e municípios registraram saldo primário
positivo de 5,468 bilhões de reais, somando no ano superávit de 12,709
bilhões de reais.
Até aqui, os governos regionais têm melhor desempenho do que o
próprio governo central --governo federal, Previdência Social e banco
Central--, que registrou déficit de 3,389 bilhões de reais no mês
passado. Nos dois primeiros meses do ano, registram saldo positivo de
9,16 bilhões de reais.
Na véspera, e com metodologia diferente, o Tesouro já havia anunciado
déficit primário de 3,078 bilhões de reais no mês passado para o
governo central, num dado ruim influenciado por receitas fracas e gastos
altos.
"Início do ano é favorável a resultados fiscais de governos regionais
porque concentra recolhimento de tributos importantes, como IPVA e
IPTU", afirmou o chefe do departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, a
jornalistas. "Naturalmente não se deve esperar superávits da ordem de 5
bilhões (de reais) dos governos regionais à frente", acrescentou ele.
O BC informou ainda que as empresas estatais, que também fazem parte
do setor público consolidado, tiveram saldo primário positivo de 52
milhões de reais em fevereiro, acumulando no ano superávit de 183
milhões de reais.
O déficit nominal --receitas menos despesas, incluindo pagamento de
juros-- de fevereiro ficou em 9,516 bilhões de reais, melhor do que o
déficit de 23,9 bilhões de reais projetado pela pesquisa Reuters..
Já a dívida pública representou 33,7 por cento do PIB em fevereiro, abaixo dos 34 por cento estimados em pesquisa Reuters.
O resultado da dívida pública frente ao PIB ficou acima da estimativa do BC, de 33,6 por cento do PIB, para fevereiro.
Os agentes econômicos ainda têm incertezas sobre a capacidade de o
governo de cumprir a meta ajustada de superávit primário para o setor
público consolidado em 2014, de 99 bilhões de reais, equivalente a 1,9
por cento do PIB.
Por conta disso, o governo sofreu um forte revés no início desta
semana, com a decisão da agência de classificação de risco Standard
& Poor's de rebaixar o rating brasileiro.
(Por Luciana Otoni)
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