Promotoria abriu investigação em 2005, mas até agora não houve desfecho
Membro do Ministério Público de Minas Gerais afirma que avaliação dos documentos é feita com rigor
Membro do Ministério Público de Minas Gerais afirma que avaliação dos documentos é feita com rigor
Da Folha de S.Paulo - Paulo Peixoto
Um
inquérito aberto em 2005 para investigar contratos do governo tucano de
Aécio Neves (2003-2006) com as agências de publicidade do empresário
Marcos Valério está parado nas gavetas do Ministério Público mineiro.
O pente-fino
da Promotoria seria em todas as operações que as duas agências de
Valério (SMPB e DNA) mantinham com o governo de Minas, na primeira
gestão do senador e pré-candidato do PSDB ao Palácio do Planalto.
Quase nove anos desde a instauração do inquérito, não há conclusão, e o caso, na prática, nem sequer andou.
O senador
Aécio Neves sempre negou irregularidades nesses contratos, citando a
aprovação de todas as contas de governo pelo Tribunal de Contas.
Nunca houve
suspeita específica de irregularidade nesses contratos, mas a apuração
serviria para verificar essa possibilidade, já que, na época, escândalos
envolvendo agências de Valério com o mensalão do PT e o mensalão tucano
tinham vindo à tona.
O mensalão tucano envolveu o governo de Minas, em 1998, quando era comandado por Eduardo Azeredo.
Segundo a
Procuradoria Geral da República, houve desvio de R$ 3,5 milhões de
estatais mineiras para a campanha eleitoral de Azeredo, que tentava se
reeleger.
Em razão
desses escândalos, o Ministério Público recomendou, em julho de 2005, a
suspensão de todos os contratos de órgãos públicos do Estado com a SMPB e
DNA. Assim fez o governo Aécio.
Entre 2004 e
2005, a gestão do atual senador pagou ao menos R$ 27 milhões às agências
de Valério (hoje condenado e preso pelo mensalão do PT) pelos contratos
vigentes até então.
A Promotoria pediu ao Executivo cópias de toda a documentação desses contratos, inclusive notas fiscais, para análise.
No entanto, caixas e caixas de documentos enviados ao Ministério Público ficaram praticamente intactas.
A promotora
Elizabeth Villela, que assumiu recentemente a responsabilidade por esse
inquérito, disse que no último dia 15 de janeiro remeteu a papelada ao
Conselho Superior do Ministério Público mineiro, que solicitou o envio
de todos os inquéritos instaurados até 2007 e que estavam sem andamento.
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