terça-feira, 18 de março de 2014

Artigo de opinião:Faça o que eu digo. Nunca o que eu faço?

Por Dilson Peixoto
Entre os males comumente associados à chamada ‘classe política’, da qual com orgulho faço parte, um deles, de fato é sintomático: a incoerência nos discursos e a prática muito, mais muito distante da teoria.
Ao longo da história da humanidade este ‘fenômeno’ tem sido recorrentemente observado naqueles políticos que têm como norte algo semelhante à biruta de ventos, usualmente existente em aeroportos, heliportos, etc. Vale o discurso da ocasião, aquilo que fatias do eleitorado gostariam de ouvir.
Vejamos, por exemplo, o caso do Senador Jarbas Vasconcelos: quando a então deputada Ana Arraes foi elevada a condição de candidata a ministra do TCU, ele subiu à Tribuna do Senado, no dia 27 de setembro de 2011 e sem meias palavras afirmou:
“Um governador, seja ele quem for, deixa os seus afazeres, deixa de cuidar dos interesses do Estado para eleger a mãe para o TCU. É um absurdo, não é uma coisa natural, não é uma prática republicana. É um exemplo do vale-tudo na política. Se o que ocorreu na Câmara nas últimas semanas não é nepotismo, não é abuso do poder político e uso da máquina, eu não sei mais o que é. Quando chegar uma determinada conta do Governo Eduardo no TCU, qual será a postura da nova ministra? Ela estará sempre sob suspeição. Isso não é modernidade, é nepotismo, é política do compadrio, do coronelismo. É atraso do pior tipo possível”.
Pouco depois, o mesmo senador passou a ser cortejado pelo filho da já ministra do TCU e hoje, segundo o que se lê na imprensa, docilmente aceitou ser escolhido pelo governador como um dos herdeiros do espólio eleitoral do seu inimigo recente, Sergio Guerra.
Esta prática tem se tornado mais frequente na medida em que as pesquisas de opinião e o marketing político passaram a determinar o discurso dos candidatos. Não importa o que se falou, as opiniões emitidas sobre pessoas, governos, políticas públicas, etc. O importante é seguir as tendências da moda, da ocasião. É ‘pintar’ o adversário com as cores que facilitam o combate a suas propostas e realizações.
O ‘novo’ discurso do governador de Pernambuco, infelizmente vai nesse diapasão: a presidenta Dilma tem sido alvo exclusivo dos ataques desferidos pelo candidato do PSB. Em 2012, afirmava: Dilma é a mais preparada para governar o Brasil. Hoje, nada mais é do que ‘alguém que não conhece o Brasil’, ‘que acha que sabe tudo e não sabe nada’.
Até setembro de 2013, quando o PSB fazia parte do governo, o Brasil estava ‘no rumo certo’, ‘gerando empregos’, ‘descentralizando o crescimento econômico’, ‘acabando a pobreza’, ‘investindo na educação’, entre outros acertos. Mas hoje, o ‘governo mofou’, ‘ninguém aguenta mais quatro anos de governo com Dilma à frente’.
Agora o governador fala na juventude do seu candidato como uma grande vantagem em comparação ao senador Armando Monteiro, mas se esquece da odienta campanha que a direita fez contra o seu avô, o saudoso e inesquecível Miguel Arraes, na eleição de 1986, onde ele era o velho e o novo, o seu oponente.
Mas, semana passada o nosso governador se superou. Numa entrevista a uma Rádio de Bom Conselho, antes de atacar a condução econômica do Brasil e as políticas do governo federal, tentou desqualificar a presidenta Dilma afirmando:
“Ela nunca se candidatou a vereadora, deputada, senadora e já foi eleita presidenta”.
Ou seja, no afã de tentar destruir a imagem da presidenta, esqueceu que o atual prefeito do Recife, por ele ungido em 2012, nunca havia sido candidato nem a dirigente de grêmio estudantil. E pior, o nome escolhido por ele, hoje, para tentar sucedê-lo igualmente nunca foi candidato a nada. É como diz o ditado: “O pau que dá em Chico, não dá em Francisco”.
Fico a pensar com meus botões: será que esse discurso falacioso e incoerente será suficiente para eleger alguém?
Tenho certeza que não. O povo brasileiro está vacinado, ao longo de várias eleições. E Pernambuco tem um povo altivo, independente, que nunca aceitou cangalhas vindas de quem quer que seja. Ele próprio, em 2006, já foi beneficiado por esta independência e altivez quando foi espetacularmente eleito, com o apoio entusiasta dos que hoje estão ‘mofados’, contra os mesmos que agora são seus aliados.
Como afirmei há alguns dias, a roda gira.
Dilson Peixoto é dirigente petista, ex-secretário das Cidades de Pernambuco.

Um comentário:

  1. O FATO MAIS INUSITADO QUE EU VI O GOVERNADOR DE PERNAMBUCO PRATICAR FOI SUBIR NO PALANQUE DOS INIMIGOS QUE ONTEM LHE ATIRARAM PEDRAS,PUSERAM AO CHÃO A BIBLIOGRAFIA DE UM HOMEM DA QUALIDADE DE UM DR. MIGUEL DE ARRAES DE ALENCAR QUANDO, ESSAS MESMAS FORÇAS TRAÍRAM O VELHO MESTRE CHAMANDO-O DE GAGA E DE TER TRAZIDO A ZONA RURAL A ENERGIA VAGA-LUME.

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