Por Marcelo Montanini
Da Folha de Pernambuco
Resiliente, o vice-governador João Lyra Neto (PSB), para surpresas de
muitos correligionários e aliados, participou, ontem, da cerimônia de
lançamento do candidato à sucessão estadual pela Frente Popular, o
secretário estadual da Fazenda, Paulo Câmara (PSB), em um hotel da Zona
Sul do Recife. E, apesar de tentar evitar a Imprensa, admitiu a
insatisfação ao ser preterido. “É natural do processo”, consentiu Lyra
Neto, após o evento. No último fim de semana, enquanto os
correligionários estavam em movimentação pró-Câmara nas prévias
carnavalescas, o socialista ficou recluso junto à família.
Apesar de ser especulada a possibilidade do vice-governador não
assumir o Governo Estadual a partir de 5 de abril, quando o governador e
pré-candidato à Presidência da República, Eduardo Campos (PSB), se
desincompatibilizará do cargo, Lyra Neto, que sentou à mesa no evento ao
lado de Câmara, afirmou que pretende dar continuidade ao que está sendo
feito pelo correligionário na administração estadual. “(A expectativa
é) concluir as obras que foram iniciadas, com mandato o exitoso de sete
anos e três meses de muita eficiência, muito progresso e muita ação por
Pernambuco, e vamos concluir com certeza esse que deverá ser o maior
mandato da nossa história”, disse ele.
Contudo, o vice-governador chegou à cerimônia em cima da hora e, ao
término, saiu às pressas, junto com a sua filha, a deputada estadual
Raquel Lyra (PSB), e assessores. Em nenhum momento ficou a sós com
Eduardo Campos. As declarações do caruaruense assumem o discurso
oficial, tentando dirimir qualquer mal-estar, mas as suas atitudes
entregam o incomodo.
João Lyra Neto trocou o PDT pelo PSB, em outubro do ano passado,
visando à candidatura ao Governo de Pernambuco. Não se antecipou ou
puxou para si o holofote, portando-se conforme os passos ditados por
Campos. No entanto, nunca teve uma sinalização concreta a respeito da
postulação, embora continuasse alimentando essa esperança.
Comenta-se, internamente, que o incomodo do caruaruense vem de anos
atrás, ainda na disputa pela reeleição de Campos ao Governo Estadual, em
2010, quando Lyra passou meses sendo fritado nos bastidores. Sua
presença na chapa foi muitas vezes questionada. Diante deste episódio e
do rito comum ao que ocorre com os vices que assumem interinamente o
Governo e, na sequência, se lançam candidatos, ele não teria se sentido
respeitado.
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