No
último mês de junho, terminei o curso de Pós-Graduação. Isso pode parecer pouco,
ou quase nada, para um mundo tão competitivo e que exige cada vez mais
qualificação; especialmente, na visão de uma juventude que cresceu com uma boa
oferta de universidades em nossa região e que não encontra nenhuma dificuldade
de estudar, comparada com o que a minha geração encontrou. Não tínhamos as
facilidades que hoje são proporcionadas, através de cursos universitários,
ofertados pelas universidades públicas e privadas. E para complicar mais a
minha situação, não nasci em berço de ouro. Isso naturalmente me tirou grande
chances de fazer universidade nos anos 90. Há vinte anos, filho de uma família
pobre, teria que optar em trabalhar ou estudar, pois essa foi a década perdida
para o mundo do trabalho e do estudo em nosso país.
Essa
época foi a era de FHC em que, mesmo sendo sociólogo e professor universitário,
não criou uma universidade se quer em seus oito anos de governo nem fez nenhuma
extensão universitária. Nesse período, o desemprego campeava em todo país e
isso para quem tivesse uma família abastarda era um calvário. Sendo filho de
uma família pobre, eu estava dentro da cota daqueles que teriam que esperar por
uma oportunidade de vida. E ela veio primeiramente pela força e a teimosia da
minha mãe que, embora sendo analfabeta, sempre acreditou que só o estudo
poderia nos dar um futuro melhor e assim ela fez. Sempre me incentivou a
estudar e nunca permitiu que fosse trabalhar na roça.
Hoje
muitos jovens não sabem ou talvez nem ouviram falar de uma frente de trabalho
conhecida como “EMERGÊNCIA”. Essa frente era feita quando havia grande seca e
para criar emprego para os nordestinos famintos e desempregados. Na verdade, essas frentes pouco aliviavam a
situação do povo nordestino e só serviam para criar corrupção por parte dos
políticos e contribuir para aquilo que ficou conhecida como “indústria da
seca”. Minha mãe trabalhou nessas frentes para poder nos sustentar, pois além
de mim havia mais duas irmãs. Mesmo com nós querendo ir ajudá-la nesse trabalho,
ela recusava e mandava todos para escola, porque ela queria que seus filhos
estudassem para não ficar trabalhando nesse tipo de trabalho semi-escravo.
Em
nossa cidade, ainda tinha um agravante, nasci em um bairro extremamente
discriminado. Era como se naquele bairro não pudessem nascer pessoas
capacitadas e que pudessem crescer socialmente. Mas, como eu já tratei em outro
artigo, aqui nesse blog, tudo vai mudar a partir do início dos anos 80 com a
eleição do ex-prefeito Samuel Salgado (Não sou defensor incondicional do
ex-prefeito, pelo contrário, acho que foram seus erros que contribuíram pra o
ressurgimento da direita aqui em Angelim. Sei que muitos discordarão, entretanto
eu não posso ir de encontro aos fatos, e eles são verdadeiros). Em seu primeiro
governo o povo foi tratado com respeito e fez parte literalmente do governo. No
seu segundo mandato, pela primeira vez na história de Angelim, nomeia para
cargos de diretor de transporte Inaldo Vicente (Nanazinho, filho de Louro Baixinho)
e eu para cargo de diretor de Cultura e Esporte, e depois como seu assessor.
Isso será um marco para nossa cidade, pois nunca um filho da Baixada exerceu
cargo de tão importância no poder executivo do nosso município.
Essas
nomeações têm uma simbologia imensa, porque quem sempre participou nesses tipos
de cargos foram os senhores de famílias tradicionais e seus filhos. Jamais
alguém nascido das entranhas do bairro da Baixada sonhara um dia exercer
qualquer tipo de cargo como esses. A nossa juventude, que hoje vai todos os
dias para Garanhuns estudar nas universidades e nos colégios, não sabem que
tudo isso só foi possível porque um dia um jovem prefeito juntamente com sua
equipe teve a coragem de comprar um primeiro ônibus escolar do Agreste
Meridional. Sendo Angelim uma cidade pequena e pobre a ter o primeiro ônibus a
transportar estudantes para a faculdade, forçou que outras prefeituras
copiassem essa iniciativa e comprassem também seus transportes escolares.
Essas
mudanças foram importantes, mas elas tinham abrangências limitadas ao nosso
município. A grande mudança que realmente atingiu o Brasil vem com os dois
governos do presidente Lula. Foi com Lula que sempre foi acusado de analfabeto
que as universidades chegaram ao interior do Brasil e proporcionou
oportunidades iguais tanto para os filhos de ricos como para os filhos do
pobre. Foi também no seu governo que os transportes escolares deram um salto de
qualidade, saindo os caminhões e entrando ônibus confortáveis e seguros (apesar
de que muitos prefeitos ainda existem a usar caminhões para agradar seus cabos
eleitorais). Que a nossa juventude possa refletir sobre sua condição hoje de
estudar, que é fruto de um governo progressista que sempre pensou nos mais carentes
e buscou dá oportunidades para todos sem distinção de classe social. Lembrem-se:
tudo em sua vida é fruto da História, então busque conhecer a história e você
saberá quem sempre esteve ao lado do povo.
Texto escrito pelo colaborador do blog: Professor José Fernando da Silva, Graduado E Pós- graduado em História pela UPE: Garanhuns-PE.
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