Por Helena Chagas no Blog Os Divergêntes
O governo brasileiro foi pego de surpresa hoje de manhã pela investida de Juan Guaidó e seus aliados para derrubar Nicolás Maduro. Jair Bolsonaro e os ministros militares palacianos esperavam, sim, uma tentativa amanhã, no dia 1º de maio. Souberam da movimentação em Caracas já pela manhã, o que explica o fato de nada terem afirmado nas primeiras horas do dia. O Planalto só se manifestou, apoiando Guaidó, depois que a embaixadora do autoproclamado presidente interino, Maria Teresa Belandria, cobrou um posicionamento brasileiro.
Autoproclamado presidente interino e líder da oposição da Venezuela, Juan Guaidó na sede da delegação da União Europeia no Brasil. Foto Orlando Brito
Interpelada sobre a antecipação das manifestações previstas para amanhã, a embaixadora disse a interlocutores que Guaidó não avisou os militares brasileiros por temer vazamentos. Surpreendidos e agastados, os ministros palacianos acham que essa precipitação pode ter contribuído para o esvaziamento desse movimento.
Apesar de evitarem dar a tentativa de golpe de hoje como já fracassada – afinal, Caracas ainda está vivendo uma situação caótica – os generais brasileiros admitem que foi ficando claro, nas últimas horas, que o presidente autoproclamado não tem o apoio de militares de alta patente de seu país. A maior parte dos dissidentes que o apoiaram é de militares não graduados, com posto de capitão – inclusive alguns dos 25 que pediram asilo na embaixada brasileira agora à tarde. Além do recuo desses militares, o refúgio do oposicionista Leopoldo López na embaixada do Chile em Caracas é o sinal mais concreto de que a insurreição não deu certo.
As coisas começam a ficar mais claras aos poucos, mas, no Brasil, nem integrantes do governo nem da oposição arriscam um palpite sobre o que vai acontecer na Venezuela nos próximos dias. “Não tenho bola de cristal, como o bruxo da Virgínia”, diz um o ex-chanceler Celso Amorim.
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