O presidente Michel Temer disse achar "triste" ver dezenas de parlamentares e oito ministros de seu governo acusados de corrupção na Lava Jato, ignorando completamente que ele próprio é delatado por negociar uma megapropina para seu partido.
"Sim, me parece triste, não posso dizer outra coisa. Mas é necessário esperar que o Poder Judiciário condene ou absolva as pessoas", declarou em entrevista ao canal de TV espanhol 'TVE', que foi gravado na quinta-feira 20 e exibido neste sábado 22 na Espanha.
"O Brasil não para, portanto não serão os efeitos de atos de corrupção que poderão parar o país", completou Temer. A entrevista foi concedida às vésperas da visita do primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, ao Brasil, na segunda e terça-feira.
Temer é acusado em delação da Odebrecht de ter participado de uma reunião em que foi acertada uma propina de US$ 40 milhões para o PMDB. Ele confirma a existência e a participação na reunião, mas nega a negociação do repasse ilegal. Temer só não é investigado porque o procurador-geral, Rodrigo Janot, lhe deu imunidade, usando para isso uma jurisprudência equivocada.
Na entrevista, ele também disse considerar que o juiz Sergio Moro, que julga os processos da Lava Jato em primeira instância, "cumpre seu papel adequadamente". "Creio que ele [Moro] cumpre seu papel adequadamente, qualquer consideração negativa que eu faça sobre as delações será prejudicial porque pode passar a ideia de que se quer acabar com a Lava Jato", declarou.
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