por : Kiko Nogueira no DCM
O filme sobre a Lava Jato é, desde já, o retrato definitivo da operação e de uma época no Brasil.
Não apenas pelo que mostrará na tela, mas pelos bastidores: uma história cheia de manipulações, contradições e mentiras, com uma intenção pretensamente nobre por trás. Acrescentem-se ao bolo o talento de Marcelo Serrado, Ary Fontoura e Flávia Alessandra.
O delegado Igor Romário de Paula, um dos coordenadores da força tarefa — aquele do timing —, se enrolou numa explicação sobre o vazamento das imagens da condução coercitiva de Lula para a produção do longa e a mídia.
Respondendo à denúncia dos advogados do ex-presidente, Igor contou que filmou tudo. Mas nada foi entregue “a qualquer pessoa, empresa ou veículo de comunicação”. Então tá.
A defesa de Lula elencou diversos trechos de reportagens que mostram o contrário.
Um texto assinado pelo inefável repórter Ulisses Campbell — aquele que inventou uma festa do irmão de Lula com farta distribuição de iPads para os convidados — relata que a “VEJA teve acesso à íntegra da gravação, efetuada por meio de uma câmera digital acoplada ao uniforme de um agente da PF que participou da ação”.
Noutro trecho, Campbell diz que “o filme de [Marcelo] Antunez não reproduzirá todos os diálogos captados pelo vídeo da PF. ‘Mas os que aproveitarmos serão reproduzidos fielmente’, diz o diretor.”
Ary Fontoura — aquele que chamou Dilma de golpista no Faustão —, que faz o papel de Lula, aparece diversas vezes elogiando a parceria com o que o ex-ministro Eugênio Aragão chama de “meganhagem”.
Uma entrevista com o ator revela que “sua maior fonte de inspiração será mesmo o filme de quase duas horas feito pela Polícia Federal que mostra como Lula reagiu quando os investigadores bateram à sua porta, às 6 horas da manha, no dia 4 de março de 2016, para levá-lo coercitivamente para depor”.
Alguém está mentindo. Quem? Igor ou os outros? Vai haver uma acareação? Rola delação premiada? Nesse caso, obviamente que vai se dar um jeito de tucanar o procedimento até o lançamento.
Essa peça de propaganda da Lava Jato é uma empulhação, fruto de tenebrosas transações. O jurista Lenio Streck escreveu sobre a “visita” da equipe de filmagem aos presos da LJ, levados por policiais num tour por um “zoo (des)humano”. Onde fomos parar?
É um sucesso garantido do ponto de vista da metalinguagem: uma obra sobre a “luta contra o câncer da corrupção” foi montada sobre expedientes corruptos, antiéticos e imorais.
Tem um jeito de evitar o vexame final: Sergio Moro acusa o velho Ary de obstrução da justiça e de não ser jornalista e o mete no xadrez, pertinho de Cunha e Dirceu.
Moro resolveria um problema cinematográfico e ainda poderia falar pro pessoal do Antagonista que, finalmente, prendeu o Lula.
O filme sobre a Lava Jato é, desde já, o retrato definitivo da operação e de uma época no Brasil.
Não apenas pelo que mostrará na tela, mas pelos bastidores: uma história cheia de manipulações, contradições e mentiras, com uma intenção pretensamente nobre por trás. Acrescentem-se ao bolo o talento de Marcelo Serrado, Ary Fontoura e Flávia Alessandra.
O delegado Igor Romário de Paula, um dos coordenadores da força tarefa — aquele do timing —, se enrolou numa explicação sobre o vazamento das imagens da condução coercitiva de Lula para a produção do longa e a mídia.
Respondendo à denúncia dos advogados do ex-presidente, Igor contou que filmou tudo. Mas nada foi entregue “a qualquer pessoa, empresa ou veículo de comunicação”. Então tá.
A defesa de Lula elencou diversos trechos de reportagens que mostram o contrário.
Um texto assinado pelo inefável repórter Ulisses Campbell — aquele que inventou uma festa do irmão de Lula com farta distribuição de iPads para os convidados — relata que a “VEJA teve acesso à íntegra da gravação, efetuada por meio de uma câmera digital acoplada ao uniforme de um agente da PF que participou da ação”.
Noutro trecho, Campbell diz que “o filme de [Marcelo] Antunez não reproduzirá todos os diálogos captados pelo vídeo da PF. ‘Mas os que aproveitarmos serão reproduzidos fielmente’, diz o diretor.”
Ary Fontoura — aquele que chamou Dilma de golpista no Faustão —, que faz o papel de Lula, aparece diversas vezes elogiando a parceria com o que o ex-ministro Eugênio Aragão chama de “meganhagem”.
Uma entrevista com o ator revela que “sua maior fonte de inspiração será mesmo o filme de quase duas horas feito pela Polícia Federal que mostra como Lula reagiu quando os investigadores bateram à sua porta, às 6 horas da manha, no dia 4 de março de 2016, para levá-lo coercitivamente para depor”.
Alguém está mentindo. Quem? Igor ou os outros? Vai haver uma acareação? Rola delação premiada? Nesse caso, obviamente que vai se dar um jeito de tucanar o procedimento até o lançamento.
Essa peça de propaganda da Lava Jato é uma empulhação, fruto de tenebrosas transações. O jurista Lenio Streck escreveu sobre a “visita” da equipe de filmagem aos presos da LJ, levados por policiais num tour por um “zoo (des)humano”. Onde fomos parar?
É um sucesso garantido do ponto de vista da metalinguagem: uma obra sobre a “luta contra o câncer da corrupção” foi montada sobre expedientes corruptos, antiéticos e imorais.
Tem um jeito de evitar o vexame final: Sergio Moro acusa o velho Ary de obstrução da justiça e de não ser jornalista e o mete no xadrez, pertinho de Cunha e Dirceu.
Moro resolveria um problema cinematográfico e ainda poderia falar pro pessoal do Antagonista que, finalmente, prendeu o Lula.
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