Em
junho de 2009, José Sarney balançava no trono de presidente do Senado. O
imortal estava acossado pelo escândalo dos atos secretos. Era acusado
de ocultar portarias em que distribuía cargos para parentes e aliados.
Em viagem ao Cazaquistão, o então presidente Lula saiu em defesa do antecessor. Criticou a imprensa, reclamou do "denuncismo" e soltou uma frase que ficaria famosa: "Sarney tem história no Brasil suficiente para que não seja tratado como se fosse uma pessoa comum".
Oito
anos depois, o peemedebista continua a ser tratado como uma pessoa
incomum. Foi o que indicou o Supremo Tribunal Federal ao proibir o juiz Sergio Moro de analisar todas as menções ao ex-senador na grampolândia de Sérgio Machado.
Por
4 votos a 1, a Segunda Turma do STF aceitou um recurso de Sarney e
impediu que ele seja investigado na primeira instância. Ocorre que o
peemedebista não é mais senador desde o início de 2015, quando perdeu o
direito ao foro privilegiado.
Ao
reivindicar o benefício, o ex-presidente alegou que foi citado junto a
dois políticos com mandato: Renan Calheiros e Romero Jucá. O argumento
não valeu para outros políticos, mas foi aceito no caso de Sarney.
A
decisão é importante porque foi a primeira derrota do ministro Edson
Fachin como relator da Lava Jato. Ele seguiu a opinião de Teori Zavascki
e votou contra a blindagem a Sarney. Foi atropelado por quatro colegas:
Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski e Celso de Mello.
O
placar animou advogados que contam com uma guinada do STF na Lava Jato.
Eles receberam duas boas notícias na mesma semana: a vitória de Sarney e
nomeação de Alexandre de Moraes para a vaga de Teori.
Sarney
não é o único investigado que resiste a ser julgado como uma "pessoa
comum". Há dezenas de políticos ansiosos para se livrar de Curitiba e
entrar na "suruba selecionada", para citar a fina expressão do senador
Jucá. O imortal já conseguiu.
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