Josias de Souza
A
Comissão de Constituição e Justiça do Senado realiza nesta terça-feira a
sabatina de Alexandre de Moraes. A presença de dez investigados da Lava
Jato na composição do colegiado transforma a arguição do candidato de
Michel Temer a ministro do Supremo Tribunal Federal numa espécie de
teatro de bonecos —do tipo em que o boneco é manipulado por pessoas
vestidas de preto dos pés à cabeça. A plateia sabe que os manipuladores
estão em cena. Mas convencionou-se que todos devem fingir que eles são
invisíveis, em nome do bom andamento do espetáculo.
O
teatro do Senado é muito parecido com o original. A diferença é que, na
apresentação genuína, a presença dos manipuladores de preto é
enfatizada. Quem assiste sabe que a cumplicidade do fingimento é parte
show. No palco presidido pelo investigado Edison Lobão, o impensável, os
manipuladores querem que você acredite que eles não estão lá. Mais:
eles desejam que você creia na independência do boneco. Pior: querem te
convencer de que o boneco é, na verdade, um personagem providencial. O
teatro de mentirinha é bem mais honesto e verdadeir
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