Torcedores protestam contra Michel Temer em partida de futebol pela Olimpíada no Mineirão
Bernardo Mello Franco - Folha de S.Paulo
A vaia no Maracanã foi
só o começo. Desde que os atletas entraram em cena, as arenas da
Olimpíada viraram palco de protestos contra o governo interino. As
manifestações têm sido reprimidas pela polícia. Em ao menos dois
episódios, torcedores foram expulsos da arquibancada depois de exibir
cartazes com a inscrição "Fora, Temer".
No Rio, um homem foi retirado do Sambódromo por quatro agentes da Força Nacional de Segurança. Ele assistia ao tiro com arco ao lado da mulher e dos filhos. Seu crime: carregar um cartaz contra o presidente interino.
Em Belo Horizonte, a PM expulsou do Mineirão 12 torcedores que assistiam a uma partida de futebol. Eles exibiam cartazes em inglês contra o impeachment e usavam camisetas com letras gigantes, que juntas formavam a expressão "Fora, Temer".
Em Belo Horizonte, a PM expulsou do Mineirão 12 torcedores que assistiam a uma partida de futebol. Eles exibiam cartazes em inglês contra o impeachment e usavam camisetas com letras gigantes, que juntas formavam a expressão "Fora, Temer".
As
duas ações foram filmadas com celulares e já somam mais de 3 milhões de
exibições nas redes. É bem provável que estimulem novos protestos nos
próximos dias.
A organização dos Jogos disse apoiar a repressão policial. "Queremos arenas limpas", afirmou o diretor de comunicação da Rio-2016, Mario Andrada.
O comitê alegou que a Lei Geral da Olimpíada, sancionada por Dilma
Rousseff, proíbe protestos nas arenas. O texto veta cartazes "com
mensagens ofensivas, de caráter racista ou xenófobo", mas afirma que "é
ressalvado o direito constitucional ao livre exercício de manifestação".
Além
de não ter amparo na lei, a mordaça olímpica contraria a Constituição.
Um ministro do Supremo disse à coluna, em caráter reservado, que a
proibição de protestos pacíficos caracteriza censura. "Impedir a livre
expressão num espaço público é inadmissível", afirmou.
Nesta
segunda (9), o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, defendeu a
caça aos cartazes. Felizmente, o juiz federal João Augusto Araújo
discordou. À noite, ele determinou o fim da repressão nas arenas.
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